ATB - Aliança Transformers Brasil

TRANSFORMERS - review


Texto: Rodolfo Polino



Transformers: Geração 1 – Volume 1

Mini-série em seis edições - Editora: Panini Comics


Uma geral pelos novos quadrinhos dos Transformers aqui no Brasil


Após uma espera de longos 16 anos, finalmente chegou ao Brasil, em outubro, as novas aventuras em quadrinhos daqueles gigantescos robôs alienígenas, de milhares de anos, que, por algum motivo, são igualzinhos a maioria dos veículos terrestres atuais.

Ao Brasil é modo de dizer, pois a Panini Comics, infelizmente, deu prioridade ao eixo Rio-SP, deixando para distribuir a história no resto do país só a partir do começo de 2004. Moro em São Paulo, mas não concordo com esta estratégia, e sua suposta funcionalidade. A Panini publica a maior parte das revistas Marvel e DC no Brasil, e até aqui, sempre visando todo território nacional. E se lembrarmos que, recentemente, a Abril tentou fazer algo parecido, quando lançou a linha Premium para as regiões Sudeste/Sul primeiro, deixando as outras regiões com dois meses de atraso! Essa “política” não deu certo com ela, e Abril desistiu dos quadrinhos de super-heróis, publicando apenas os infanto-juvenis (com exceção de Spawn).


Para aqueles que são dos Estados aonde a série ainda não chegou, ou para os antigos fãs do desenho que ainda não leram a história, aqui vai uma pequena resenha do formato (adotado pela Panini) e da história (dos estúdios Dreamwave) que causou furor nos Estados Unidos.

Quanto ao formato, são gibis de 28 páginas a R$ 1,99 cada (O número 6 têm 32 páginas, mantendo o mesmo preço), formato americano. O papel do miolo é inferior aos das outras revistas da Panini da Marvel/DC. Isso atrapalha um pouco a colorização da história, e deixa os gibis inferiores aos originais americanos. Ainda assim, concordo plenamente com a Panini, que teve que fazer a escolha entre agradar os fãs, e aumentar seu público, ficando, é claro, com o último. (Fã compra de qualquer jeito). O mercado de quadrinhos está em baixa no mundo inteiro. Colocar Transformers em revistas de 100 páginas a R$ 6,00 está fora da realidade da maioria dos leitores de quadrinhos, e certamente, faria um público em potencial deixar de ir às bancas.

Tradução (Fernando Bertacchini) e letras (Daniel de Rosa) foram trabalhos super competentes, e merecem todos os elogios, já que não deixaram a bola cair durante toda a série.


Quanta à história, voltamos, velhos fãs do desenho, à década de 80. As duas primeiras (e melhores) temporadas de Transformers passaram aqui, na Rede Globo, nos anos 1986-87 (reprisadas em 1989, estou citando de memória, posso estar enganado) gerando uma febre de consumo. Brinquedos, álbum de figurinhas (por ironia, da Panini-Cedibra), etc venderam que nem água.

Logo surgiu a idéia de fazer um desenho em longa metragem, que passou nos cinemas brasileiros. E foi quando a febre por dinheiro acabou com a série Transformers. A Hasbro, proprietária dos personagens, usou o filme para matar a maioria dos personagens antigos para dar ênfase em novos robôs (para fazer novos brinquedos). Os fãs dos Transformers adoram o longa metragem – inclusive nossa webmaster deste site, a super Luna. Eu odeio o filme categoricamente.

A morte dos meus heróis de infância sempre foi algo que me incomodou e nunca aceitei direito. E pelo visto, nem a maioria dos fãs.

Por ironia do destino, muitos anos depois do fim da série, a venda de novos brinquedos (itens tipo colecionador) dos personagens do desenho nos Estados Unidos foi arrebatador. E logo a Dreamwave se arriscou a lançar uma HQ com os personagens das primeiras temporadas.

O primeiro problema a contornar foi dar a vida aos robôs, já que segundo a cronologia oficial da Hasbro, a maioria tinha morrido no filme. A Dreamwave resolveu criar uma cronologia alternativa, ignorando o longa-metragem :-) (mas usando muitas idéias dele, como a Matriz que é guardada por Optimus Prime, por exemplo).

Assim, recapitulando, já que imagino que muitos fãs devem estar confusos – com toda a razão - a série da TV se passava nos anos 1984-85. O filme era um futuro próximo (2005), quando muitos Transformers são mortos. A nova revista em quadrinhos estabelece uma linha do tempo alternativa, tudo que aconteceu na série que passou na Globo, também vale para os quadrinhos da Panini. Mas aqui, a guerra dos Transformers acabou em 1999, quando Optimus Prime e seus soldados derrotam Megatron e salvam a humanidade da extinção. Quando os Transformers se preparam para voltar para seu planeta natal, Cybertron, sua nave, Arca II, é sabotada e explode. Começa então a busca pelos robôs.

A história de Chris Sarracini não é o ponto forte da série. Não apresenta nada de novo, apenas uma (outra) história do bem versus mal, um (novo) plano mirabolante de Megatron para destruir a Terra, os Autobots (os robôs bonzinhos) correndo contra o tempo para salvar o mundo... Mas Sarracini respeita todas as características dos robôs, sendo fiel ao desenho. O foco principal está em Optimus, que detona na série inteira. Os outros personagens são deixados meio de escanteio. Megatron dá as tradicionais gargalhadas malvadas, mas nunca parece realmente ameaçador – só leva porrada do Optimus a história inteira [Atenção, não estou reclamando disso :-) ] As maquinações do Starscream são deixadas de lado, ele até parece fiel a Megatron.

Os desenhos de Pat Lee são ótimos, mas ele não desenhou os cenários, que ficaram a cargo de Edwin Garcia. Cá entre nós, isso sempre me pareceu picaretagem. Há uma nítida influência dos mangás, na aparências dos personagens humanos e nas cenas de ação, que muitas vezes só contém onomatopéias, sem falas. No epílogo os desenhos de Lee caíram bastante de qualidade, mas não comprometem a revista.

Como já disse, a história de Chris Sarracini não é nenhuma maravilha, mas dá pro gasto. Ela começa quando um terrorista chamado Lazarus domina vários Transformers (tanto Autobots quanto Decepticons) e os usa para praticar vários ataques. Sua arma predileta? Megatron. Daí para frente vocês imaginam o que vai acontecer, não é?

Apesar disso, a história tem vários momentos que vão fazer a alegria dos fãs marmajões, entre eles, o ressentimento edipiano de Spike com Optimus Prime; Lazarus usando Laserbreak como retroprojetor(!); Megatron escapando da influência dos humanos e fazendo um estrago danado; Starscream conversando com Thundercracker e Skywarp num corredor escuro “pisando” nos restos dos Autobots; a liderança inquestionável de Optimus; o medo e o desespero dos humanos contra os Transformers; a dúvida dos Autobots – principalmente de Optimus – se vale a pena lutar por nós, uma espécie tão ingrata; a traição de Grimlock; a grandiosa reaparição dos Autobots na edição número 5; Optimus encarando sozinho Devastador numa São Francisco em ruínas.

E destaco também a eloqüência de Megatron, com pinta de político brasileiro, quando chega para Optimus e diz: “Pela última vez... Una-se a mim! Esqueça os humanos. Essa laia é imprestável. Se nos aliarmos, podemos exterminá-los e recomeçar tudo! Em breve, o universo estaria à nossa mercê! No fundo, você sabe que estou certo, Prime. É só aceitar o que proponho. Aceite... e os outros o seguirão. Vamos! Diga que aceita uma aliança!” O quadrinho seguinte mostra o rosto de Optimus em silêncio, analisando a proposta de Megatron.

É, fãs, odeio estragar a surpresa, mas vocês que conhecem Optimus, não acham mesmo que ele iria aceitar e lutar junto com Megatron, acham? O capítulo final é justamente a parte mais fraca, pois estava na cara que Optimus ia recusar. Além disso, há várias cenas forçadas, mesmo para a série, situações resolvidas muito apressadamente. A conversa final de Optimus com o vira-casaca Grimlock chega a ser irritante Enfim, a Dreamwave parece seguir o caminho da Marvel e DC, fazer de Transformers uma série infinita, com situações que nunca são revolvidas completamente, até que a fórmula se esgote.

Apesar disso, recomendo a série para todos os fãs do desenho antigo. E, para a garotada que só conhece Beast Wars e Armada, aqui está a oportunidade de ver seus “ancestrais”, que, na minha opinião, são muito mais carismáticos.

Quem curte um bom quadrinho, e está meio enjoado dos super-heróis, tem uma nova opção. E como vi que este site da Luna é um bom lugar de discussões, podíamos fazer um abaixo-assinado para a Panini, pedindo a edição encardenada da mini-série, que podia vir com um pôster da capa da edição número 1 de brinde, o que vocês acham?

Onde comprar os novos gibis dos Transformers? Para quem mora em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas perdeu o lançamento dos gibis, o caminho mais fácil é ir ao jornaleiro predileto e pedir as edições atrasadas. Para os leitores dos outros Estados, se as revistas ainda não chegaram às bancas, talvez a internet seja a melhor opção. O site de compras Submarino www.submarino.com.br tem as edições 2 à 6 (no dia que estou escrevendo, 17/01/04). Outro site bacana é o da Devir www.devir.net, que ainda têm todas as edições de Transformers.