ATB - Aliança Transformers Brasil

Os Dias Mais Felizes de Megatron

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Nota legal: Os direitos autorais de Megatron, Optimus Prime, Cybertron, Transformers e conceitos e personagens relacionados pertencem, unicamente, a seus criadores. Esta obra tem objetivos, apenas, culturais e de entretenimento, portanto, nenhuma forma de ganho, lucro ou transação financeira está sendo realizada aqui.

Dedicatória: Dedico este conto ao amigo que encontrei em uma das salas do Mirc, que usava o “nickname” de “Megatron” e que me proporcionou um dos melhores diálogos dos quais já participei na Internet. Foi a partir de uma de suas frases (“Por que você não escreve uma história em que Megatron derrota o Optimus Prime?”) que esta história se inspirou e desenvolveu-se.


Prólogo - "Sob as Luzes de um Futuro Distante"

As três luas já começavam a se erguer nos céus de Zeta-7, o lar da espécie humana, na galáxia Primus-Tau, e, em AW-72, capital daquele mundo, as luzes do sistema de iluminação pública se acenderam para enfrentar a longa noite.

Após um dia de trabalho, a população buscava o descanso de suas casas, e muitos passavam, sem prestar maior atenção, pela estátua de vinte metros, forjada em aço escuro, molecularmente manipulado, no centro da capital... A imagem de um robô alienígena, um herói caído, de quem esta nova geração não se lembrava mais. Porém, do parapeito do segundo andar do Museu de Culturas Alienígenas, MK-5276 contemplava a enorme escultura e dizia para si mesma: “É Optimus Prime!” Optimus Prime fazia parte da História dos seres humanos e para MK-5276, História era tudo. Tinha sido assim, desde pequena e agora ela tinha dezessete anos, uma adolescente que assumira o cargo de curadora do museu e que se sentia deslocada demais em sua própria época... Por isso, passava tanto tempo no trabalho, mergulhada em relíquias e achados arqueológicos, pois, aquele ambiente, povoado pela grandeza e solenidade dos dias antigos, fazia mais sentido para ela do que o restante do mundo.

MK-5276 afastou-se do parapeito e voltou para a poltrona de seu gabinete. Tinha pele azul, como a quase totalidade dos seres humanos (uma vez, numa festa que seus pais quase a obrigaram a ir, uma colega lhe apresentou a um rapaz de pele branca, quase pálida... Um imigrante de uma daquelas colônias de ultra-conservadores no sul do Planeta, que se consideram a verdadeira espécie humana...). Era bonita e poderia ser muito popular, se desejasse, o que não era o caso.

O trabalho no museu foi, a princípio, um paraíso, mas o desinteresse crescente da população pelo passado começou a incomodá-la e ela agora se sentia tomada por um tédio quase venenoso. Cogitava a idéia de afastar-se e partir em uma daquelas caravanas de peregrinação, da qual já participavam tantos jovens, até os santuários e templos no Pólo Norte, em busca de... Iluminação... Sentido... Pelo menos, uma fuga do tédio...

Ela estava examinando um panfleto de uma dessas agências especializadas em peregrinações, quando o computador, que controlava as funções do museu, avisou-a sobre um visitante.

_Quem é? – ela indagou, enquanto concluía que uma peregrinação também poderia ser algo bem tedioso...

_LJ-4165. Ele está esperando na entrada do Museu. – respondeu a voz eletrônica do computador, que MK-5276 havia programado para soar exatamente como a de sua mãe, falecida na última estação, em um acidente numa das usinas de força da segunda lua (um evento infeliz, no qual a Medicina Nanotecnológica foi incapaz de auxiliar, uma vez que, após a explosão, não havia sobrado um átomo sequer...)

_Manda ele entrar – ordenou, desgostosamente, MK. Logo, LJ-4165 estava diante dela. Para os padrões de Zeta-7, ele era belíssimo, quase como um astro de filmes holográficos ou telepáticos... O rapaz mais popular de AW-72, por quem a maioria das garotas desmaiava... Filho do presidente da corporação responsável pela produção e distribuição de alimentos para todo o Hemisfério Norte...

Mas LJ era tedioso, tão exibido, presunçoso e vazio... Para MK, era um sacrifício manter mais do que um minuto de conversa com ele. E LJ era muito insistente. Já havia levado para a cama quase a totalida-de das moças de AW-72 e considerava MK-5276 como sua próxima conquista (contudo, ela havia planejado para si mesma perder a virgindade num daqueles grandes Rituais da Fertilidade, que eram realizados, a cada estação, na Ilha dos Deuses, a maior do arquipélago que se situava no centro de um dos três oceanos de Zeta-7... Sua mãe havia procedido dessa forma, bem como todas as mulheres da família antes dela... E a jovem não desejava romper esse padrão).

LJ-4165 sempre trazia presentes e MK os devolvia, por isso ela não estranhou quando viu nas mãos dele uma pequena caixa metálica prateada, do tipo que se usa para guardar discos de gravação.

_O museu está fechado. Você não devia está aqui... – Ela disse, com certo desdém.

_Eu sei – LJ sorriu, aquele sorriso de cafajeste que MK tanto odiava - mas, se eu pedisse, meu pai comprava este museu e aí você não poderia me impedir de entrar...

Ela detestava ainda mais quando ele falava assim.

_Certo. Estou ocupada, – mentiu ela – por isso seja breve.

Ele sorriu novamente e apontou a caixa metálica para ela:

_Eu tenho uma coisa aqui que você vai adorar. Escapou da atenção dos xeno-arqueólogos do Governo. Consegui no Mercado Negro. Custou um bocado de dinheiro...

_Mercado Negro? – indagou ela irritada, porque os jogos de sedução de LJ já estavam cansando-a – Você não tem medo de...

_Sei que você não me denunciaria... – ele interrompeu -E, com o dinheiro de meu pai, nem iam poder me tocar... Olha, isso aqui vai te deixar excitada... Sério... História Antiga... Cybertrônica.

Por alguns instantes, os olhos de MK-5276 se arregalaram e sua voz recusava-se a sair. O panfleto caiu de suas mãos. Dessa vez, LJ-4165 não riu... Gargalhou:

_Sabia que um dia eu chamava tua atenção! Eu já assisti e...Ah! É uma palavra mágica... Megatron!

MK tomou a caixa das mãos dele, abriu-a com a voracidade de um animal faminto e analisou com toda a atenção o objeto lá dentro... Um disco metálico reluzente.

_Deuses! Deuses! - ela balbuciava – É de verdade! Tem de ser!

Em seguida, ela dirigiu-se ao computador com um tom quase de súplica:

_Computador, verifique a autenticidade disto! E uma voz maternal respondeu:

_Eu já fiz isso. Analisei até o nível subatômico e cheguei à mesma conclusão que você: é autêntico. De fabricação cybertrônica. Data da época posterior ao fim da Guerra Civil entre Autobots e Decepticons. Ainda segurando a caixa, MK tremia de espanto e satisfação, quando se dirigiu novamente a LJ-4165.

_LJ, isto é tão importante. Esse período... É um dos mais obscuros... Após o duelo na lua terrestre... E a Guerra de Extermínio... A maioria das informações desapareceu... Nunca pudemos determinar com certeza o que teria acontecido a Megatron... Você não pode imaginar a importância disto...

_Posso sim! – respondeu ele com soberba – Fiz a lição de casa antes de vir pra cá... Megatron, Cybertron, Optimus Prime, Guerra Cybertrônica e toda aquela besteira...

MK-5276 sentiu-se tomada pela fúria, diante daquele comentário imbecil, mas controlou-se: afinal, LJ havia lhe trazido algo de valor inestimável...

_LJ, eu não sei como agradecer por isso...

_Ah, daqui a pouco eu te digo como você pode me agradecer... – disse ele, e aos olhos de MK, o rosto do rapaz pareceu mudar e, de repente, ela lembrou dos grandes carnívoros nos holo-registros... Ela se controlou. Esse era um assunto para ser tratado depois.

_Computador, decodifique isto para nosso padrão de vídeo, traduza e exiba como holo-imagem – ordenou MK-5276.

_Decodificação e tradução em andamento – respondeu o computador.

Dez segundos depois, o gabinete de MK-5276 foi inundado por imagens holográficas. A alegria da jovem dificilmente poderia ser descrita em palavras. Os pensamentos de LJ-4165, porém, era bem mais básicos e se resumiam numa única frase:

_MK, dessa vez eu te pego!


(continua)
[ capítulo 1 ]