Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA
Dedicatória: Dedico este conto ao amigo que encontrei em uma das salas do Mirc, que usava o “nickname” de “Megatron” e que me proporcionou um dos melhores diálogos dos quais já participei na Internet. Foi a partir de uma de suas frases (“Por que você não escreve uma história em que Megatron derrota o Optimus Prime?”) que esta história se inspirou e desenvolveu-se. Parte 7: "Ecos e Lamentos"“Maculados por nossa covardia, seguíamos nossa existência. Foi então que os astrônomos Decepticons descobriram uma nova galáxia. Esta notícia deixou Megatron eufórico e ele ordenou que se iniciassem os preparativos para uma nova guerra. Toda uma nova galáxia... Bilhões de mundos para saquear e conquistar... Trilhões de vidas para serem extintas... Temerosos nós obedecemos e a construção de uma nova armada prosseguia celeremente. Lembro-me de voar pelos céus de Cybertron (abençoado Cybertron, que teu nome nunca seja esquecido...), contemplando as naves que eram montadas ou reformadas, e uma emoção desagradável percorreu minha mente: havia algo de obsceno naquilo tudo, mas eu não sabia definir o que era... Então, sem saber porque, lembrei-me de Ravage - que foi vaporizado por um Autobot na Terra, quando tomamos à base de nossos inimigos, e do infeliz Starscream... E preenchi os céus, com um guincho de lamento. Por essa época, rumores funestos começavam a percorrer o planeta: comentava-se que Megatron só iria deter sua fúria quando toda a vida no Universo, até mesmo nós, estivesse extinta... No início, a maioria de nós ria dessa paranóia, mas a imagem dos Decepticons injustamente derretendo nas fornalhas ainda feria nossa consciência... E nossos temores cresceram... Então, aconteceu... Cyberton foi pego de surpresa, quando um quinto dos Decepticons revoltaram-se e ergueram suas armas contra Megatron. O líder dos rebeldes era meu antigo companheiro Soundwave, o mais forte de nossa espécie, um dos mais notáveis de todos nós. Muitos venceram o medo que tinham de Megatron e se uniram à rebelião. Até hoje lamento não ter feito o mesmo... Porém, a rebelião provou ser de pouca valia contra o poder de Megatron. Em pouco tempo, ele esmagou os focos revoltosos e apenas quinhentos rebeldes sobreviveram – ainda que em precário estado – e foram levados às fornalhas. Soundwave estava entre eles e não lamentou, nem implorou – como tantos outros fizeram – enquanto Megatron gargalhava... Lembro-me que Soundwave olhou para mim, enquanto derretia, e aquele olhar ainda persegue minha consciência, mesmo hoje, como um fantasma, até o fim de minha existência... Em memória dele e dos outros que se foram, emiti meu mais funesto guincho. Megatron percebeu isso, mas não deu nenhuma importância, e ordenou que os trabalhos para a nova frota recomeçassem. Logo estávamos percorrendo o Cosmo novamente, seguindo nosso enlouquecido líder, nossas naves maculando o Universo... Breve alcançamos a nova galáxia e trouxemos morte e carnificina a ela. Havia tantas novas espécies naquele lugar, algumas incrivelmente antigas, notáveis e sábias – porém, pacíficas demais, tolas e hospitaleiras demais, para resistirem ao nosso poder... Nós extinguimos a maioria delas, fizemos de escravos os poucos que sobreviveram e roubamos sua riqueza e recursos... Megatron permanecia em êxtase, maravilhado por nossas novas conquistas, imerso naquela coisa monstruosa que ele chamava de “felicidade”. Os outros Decepticons mantinham-se silenciosos, em sombria obediência a nosso líder... Quanto a mim, eu pensava em Starscream, Ravage, Soundwave e todos os que haviam morrido, Decepticons ou não, e, não me envergonho de dizer, nos próprios Autobots também... Recordei-me da lenda que me contaram, nos primeiros tempos de minha existência, sobre uma época dourada, em que Decepticons e Autobots seriam novamente uma só raça, e juntos e em paz, construiriam um universo melhor para todos os seres... E a Grande Mente se orgulharia de nós... Pensei em todas essas coisas e em como o sonho de dominação Decepticon havia se tornado sombrio e degenerado para algo que me assustava... E, apenas para mim mesmo, guinchei em lamento....” |
(continua) |
[ capítulo 8 ] |