ATB - Aliança Transformers Brasil

Os Dias Mais Felizes de Megatron

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Dedicatória: Dedico este conto ao amigo que encontrei em uma das salas do Mirc, que usava o “nickname” de “Megatron” e que me proporcionou um dos melhores diálogos dos quais já participei na Internet. Foi a partir de uma de suas frases (“Por que você não escreve uma história em que Megatron derrota o Optimus Prime?”) que esta história se inspirou e desenvolveu-se.


Parte 9: "As Leis do Ocaso"

"Como já disse, a partir daquela ocasião Megatron raramente foi visto. Ele transmitia suas ordens através dos comunicadores ou das grandes telas de vídeo espalhadas pelo planeta e todos continuavam a obedecê-lo. Não pude deixar de notar que havia algo de terrível em sua voz: estava mudada, como se um componente essencial houvesse sido arrancado de nosso líder.

As conquistas haviam cessado. Sob as ordens de Megatron, mantínhamos os mundos dominados, porém, era como se tudo tivesse se tornado... Estático... Como se o tempo houvesse detido seu fluxo e continuássemos presos àqueles horríveis, assustadores e infinitos momentos em que estivemos diante dos olhos da Grande Mente...

Ao contrário do que se possa pensar, não ocorreram novas revoltas. De alguma forma, nossa espécie sentia que havia chegado ao final de algo importante e mantínhamos nossas cabeças curvadas, como se não houvesse mais futuro ou qualquer coisa a frente. Era desta forma, sombria e tediosa, que nossa vida continuava.

Quanto a Megatron, sua figura soturna agora inundava nossos circuitos com pena e esse sentimento sempre foi por demais desagradável para os Decepticons, por isso nos incomodava pensar nele.

Lembro que quando aconteceu eu havia sido enviado a um dos mundos sobre nosso controle, numa missão de rotina, apenas uma coleta de dados. A notícia chegou de forma catastrófica para mim. Retornei a Cybertron na maior velocidade que pude, numa nave, que antes fora usada na guerra, tendo como companheiros de viagem outros Decepticons tão surpresos quanto eu.

Breve cheguei a capital de Cybertron, orgulho de nosso mundo, onde habitavam cinco milhões de Decepticons... E encontrei em seu lugar apenas uma monstruosa cratera de metal derretido e destroços radiativos. Cinco milhões de vítimas, nenhum sobrevivente.

Demorou um pouco para entendermos o que havia ocorrido: em sua loucura, Megatron cometera suicídio, detonando um poderoso artefato nuclear que vaporizou a capital de nosso mundo.

Dali por diante tudo piorou, pois também estávamos enlouquecidos e sem a presença e liderança de Megatron uma nova guerra civil se iniciou, com inúmeras facções Decepticons cobiçando o domínio de nossa espécie.

No meio da guerra, explodiram incontáveis revoltas nos mundos conquistados. Sem Megatron – e preocupados com nossa própria sobrevivência – desistimos deles e logo perdemos contato com as colônias, enquanto nosso próprio conflito aumentava e novos líderes (cada um deles se intitulando um novo "Megatron") alcançavam o poder para logo serem derrubados e substituídos por outros.

Era o caos, com mortes por todos os lados, mas eu sentia tempos ainda mais sombrios insinuando-se por nossos horizontes. Para nossa miséria, eu estava certo. Talvez, como um resquício da malignidade de Megatron (e eu quase podia vê-lo gargalhando de nós), descobrimos que o artefato nuclear que ele detonara provocará abalos na própria estrutura atômica de Cybertron.

Ao compreender a extensão da ameaça me desesperei. Juntei-me a outros, prudentes como eu, e mediamos uma difícil trégua entre as facções guerreiras para salvar nosso povo. Antigas naves de guerra foram utilizadas às pressas. Nelas colocamos todos os Decepticons que ainda viviam e partimos pelo Universo, em busca de um novo mundo. Era nosso êxodo.

Nos monitores da nave em que fugi, pude observar Cyberton atingir massa crítica e explodir como uma supernova. Apesar de tudo que já vivi e fiz, nunca presencie nada mais triste do que aquilo. Por não ser um orgânico, eu não tinha lágrimas... Mas, pelos Criadores, como desejei poder chorar naquele dia...".


(continua)
[ capítulo 10 ]