ATB - Aliança Transformers Brasil

Os Dias Mais Felizes de Megatron

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Dedicatória: Dedico este conto ao amigo que encontrei em uma das salas do Mirc, que usava o “nickname” de “Megatron” e que me proporcionou um dos melhores diálogos dos quais já participei na Internet. Foi a partir de uma de suas frases (“Por que você não escreve uma história em que Megatron derrota o Optimus Prime?”) que esta história se inspirou e desenvolveu-se.


Parte 10: "Adendo"

"Nossa frota exilada aterrissou no mundo classificado como AXWY, um planeta morto, rochoso, pontilhado por ruínas de esquecidas civilizações de orgânicos, porém, rico em fontes geotérmicas, que poderiam nos suprir de energia por muitos anos.

Então as facções entreolharam-se e decidiram que a trégua já havia durado tempo demais. Breve o conflito recomeçara e nosso novo mundo foi incendiado pelo ódio, pela guerra e pela loucura de minha espécie.

Embora muitos considerem vergonhoso o que eu digo agora, levando em conta tudo o que já acontecera, eu me tornei pacifista. Reuni-me a uma pequena comunidade, formada por outros que fizeram a mesma opção, e nos retiramos para um planalto na parte mais afastada do planeta.

Lá tentamos erguer uma nova civilização cybertrônica. Porém o confronto logo nos alcançou – pois os Decepticons guerreiros nos odiavam, nossa cidade foi reduzida a átomos e os poucos de nós que sobreviveram tornarem-se, neste novo mundo, foragidos entre um povo de exilados. Desde então a matança apenas aumentou e não acredito que qualquer solução racional possa por fim a ela.

Nos últimos tempos, tenho me ocupado com as lembranças dos dias antigos. Da mesma forma, dediquei-me a coletar e analisar dados. A conclusão a que cheguei afligiu minha já combalida mente: Esta é uma guerra suicida e, breve, não haverá mais Decepticons vivos.

Agora, eu apenas reflito e espero a extinção de minha espécie, quando faremos companhia aos Autobots e a todas as outra raças que, em nossa insanidade, fizemos desaparecer.

Ontem, enquanto analisava um arquivo codificado, detectei algo extraordinário: de algum modo que escapa a minha compreensão, Optimus Prime tinha algum tipo de 'plano de emergência' para salvar a humanidade caso fosse morto no Skrim-Scharrh. Tudo é um pouco nebuloso demais e não pude extrair maiores detalhes, mas de algo já posso ter certeza: O estratagema de Optimus funcionou e alguns milhares de humanos escaparam da Terra antes que nós eliminássemos o restante.

Como aquele Autobot conseguiu fazer isto, sem que percebêssemos, não ouso conjecturar, todavia acredito que, por este momento, a humanidade deva estar procurando um novo lar entre as estrelas. Fico satisfeito com isso, pois, ao menos em uma parcela infinitesimal, esta notícia compensa o horror que foi realizado por nós.

Quanto a mim mesmo, decidi elaborar este documentário. Se meus cálculos estiverem corretos - e temo que estejam - não restam mais do que cem Decepticons em AXWY, dos quais apenas três são pacifistas. Na ferocidade em que está o confronto, creio que não será necessário mais do que três rotações deste planeta para que todos nós estejamos extintos.

Louvado e abençoado, porém perdido, Cybertron, em teu nome fiz esta obra e gravei-a em material que perdurará por uma eternidade, mesmo depois que nós tivermos perecido, para que, algum dia, uma outra espécie, talvez mais sábia, escute estas palavras e saiba de teus filhos, para que jamais sejas esquecido. E, assim, termino meu relato.

Peço perdão a Grande Mente e ao universo e rezo para que haja – como sonham os orgânicos – um lugar após aquilo que chamamos de morte, onde possamos nos juntar a amigos e inimigos e, em paz, celebrar a eternidade. Que seja este o legado Transformer para o universo, composto por minha humilde persistência, eu, o desafortunado Decepticon que, em outras eras, foi chamado de Laserbeak".


(continua)
[ epílogo ]