ATB - Aliança Transformers Brasil

Coldbyte

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Nota legal: Os direitos autorais de Megatron, Optimus Prime, Cybertron, Transformers e conceitos e personagens relacionados pertencem, unicamente, a seus criadores. Esta obra tem objetivos, apenas, culturais e de entretenimento, portanto, nenhuma forma de ganho, lucro ou transação financeira está sendo realizada aqui.

Parte - 1

Hyde Park. Londres. Inglaterra. Manhã de Domingo.

Era um dia de festa. Um evento de interação entre espécies, planejado e defendido ardentemente por Jazz e que tinha como objetivo melhorar o relacionamento entre humanos e Autobots, numa época em que a convivência entre os dois povos aproximava-se de um desastre.

Celebridades humanas, líderes mundiais e alguns dos mais proeminentes Autobots estavam lá, diante de uma multidão, câmeras de TV e sob os olhos de todo o planeta. Um eficiente sistema de segurança havia sido montado para evitar um ataque inesperado de Megatron ou a ação de radicais anti-robocistas, que, aliás, estavam realizando, naquele instante, uma grande passeata nas ruas londrinas contra o evento.

Acatando a recomendação de seus conselheiros, Optimus Prime não estava presente, o que gerou comentários extremamente negativos na Imprensa e desagradou sobremaneira Jazz. Porém, ele havia organizado aquela festividade da melhor forma que pôde e, de um modo ou de outro, teria que funcionar.

Por um instante, ele se lembrou da zombaria dos outros (quando se opuseram ao evento e o chamaram de “embaixador Autobot/Humano”), mas ignorou essa memória, subiu ao palco no meio do parque e tomou seu lugar diante do púlpito e do microfone. Gritos de alegria se ergueram do público, inundando os sensores auditivos de Jazz.

Ele olhou ao redor e viu apenas uma infinidade de humanos felizes, satisfeitos com ele, ansiosos por participarem de suas idéias de paz e união... Por um instante, tudo parecia perfeito, por isso ele deixou de lado seus temores e começou a falar:

_Saudações, povo da Terra! Eu sou Jazz, Autobot e Transformer, e desejo dizer que creio na bondade e no potencial inerente a alma humana. Creio também no destino glorioso que seus deuses e a Grande Mente reservaram para os humanos neste universo.

Gritos de alegria, aprovação e mais aplausos se ergueram no Hyde Park. Jazz olhou para os Autobots ao redor e viu sentimentos que oscilavam entre o entusiasmo, a surpresa e a inveja. “Embaixador Autobot/Humano?”, indagou-se, “Ora, por que não?” Ele riu consigo mesmo. Sim. Tudo estava perfeito. E ele continuou:

_Há alguns anos, meu povo tomou conhecida nossa presença nesse mundo e os seres humanos nos aceitaram, não como invasores, mais sim na condição de visitantes e depois defensores e filhos adotivos deste planeta. Em nome de todos os Autobots, sinto-me honrado por termos sido aceitos pela espécie humana e digo que também acredito na grandeza que arde no espírito Autobot, em nossa disposição para a paz, em oposição à guerra; em nosso desejo de auxiliar no progresso do povo humano, de nos unirmos a esta digna espécie em prol do bem-estar e do futuro da Terra.

Mais aplausos, mais satisfação. Ele precisou aguardar que humanos e Autobots fizessem novamente silêncio para retomar seu discurso. Quando isso aconteceu, Jazz pensou, apenas para si mesmo, “Isto é a felicidade, não é? Ó, Grande Mente, eu agradeço tanto, pois jamais podia imaginar que seria desta forma...” Então, Jazz preparou-se para a parte final e mais importante de seu discurso:

_Porém, sei que os últimos tempos têm sido difíceis para nossas duas espécies. Nossos inimigos se erguem com mentiras e trapaças, ameaçando nos dividir com a discórdia, o medo e o preconceito. Todavia, minha fé na humanidade e em minha própria espécie é maior do que tudo isso: tenho a convicção de juntos podemos superar aqueles que anseiam por nossa ruína. Por isso, firme nesta crença, estou aqui diante de vocês, meus irmãos Autobots e meus irmãos Humanos, feliz e honrado porque seus deuses e os nossos permitiram-me a santa dádiva de colaborar para essa união. Desta forma, dou por aberto este evento que...

No instante seguinte, sem qualquer aviso, ele ficou em silêncio. O público Autobot/Humano aguardava sua próxima palavra, mas ela nunca veio. O rosto de Jazz começou a se contorcer, como se dominado por alguma terrível agonia. Em seguida, o Autobot colocou suas mãos sobre a face, seu corpo estremeceu, ele cambaleou para trás e caiu inerte. Humanos e Autobots correram até ele. Havia curiosidade mórbida, preocupação e gritos desesperados.

Ratchet afastou a todos e, diante de uma multidão de olhos surpresos e aflitos, curvou-se para examinar seu companheiro e recorreu a instrumentos e técnicas incompreensíveis para os humanos. Alguns segundos depois, Ratchet ergueu-se. Sua expressão era desolada (ele era um médico. Momentos como esse, em que ele perdia uma batalha, sempre o afligiam mais do que podia admitir). Virou-se para Blaster e disse:

_Contate o líder Optimus.

Enquanto todos os olhos se concentravam sobre ele (confusos, em busca de uma resposta), Ratchet recuou e sentou-se numa parte mais afastada do palco, em uma cadeira que fora preparada para ajustar-se automaticamente a seu corpo e peso. Lá ele curvou a cabeça, as mãos cobrindo-lhe o rosto, e, se isso fosse possível para um Transformer, alguém poderia dizer que ele estava chorando.

Nesse momento, nas telas de TV e nos computadores por todo o globo, Humanos e Transformers perceberam que Jazz estava morto.


(continua)
[ parte 2 ]