ATB - Aliança Transformers Brasil

Coldbyte

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Nota legal: Os direitos autorais de Megatron, Optimus Prime, Cybertron, Transformers e conceitos e personagens relacionados pertencem, unicamente, a seus criadores. Esta obra tem objetivos, apenas, culturais e de entretenimento, portanto, nenhuma forma de ganho, lucro ou transação financeira está sendo realizada aqui.

Parte - 2

Arca. Base Autobot. Espaço reservado de Optimus Primus. Manhã de segunda-feira.

Optimus Prime estava de pé, os braços encruzados, em completo silêncio. Suas feições haviam se tornado sombrias e uma preocupação indisfaçada escapava delas. Diante de seus olhos estavam três grandes blocos de luz esverdeada, hologramas de luz sólida, que serviam de monitores para um terminal do Teletran, o computador da Arca. Imagens e sons eram exibidos nessas telas, numa velocidade que tornaria impossível serem compreendidas por um humano.

Em um dos monitores havia um resumo da vida dos Autobots na Terra; em outro, podiam ser vistos os fatos dos últimos meses; e, no terceiro, visto e revisto tantas vezes por Optimus, estava uma gravação da morte de Jazz. A luz esverdeada das imagens inundava a sala, mas, no espírito de Optimus, a escuridão do medo avançava.

Por um instante, sem precisar das telas, ele rememorou brevemente os últimos meses: O laser quântico dos Decepticons; a ameaça do terrível (e desafortunado) Carnobot; o massacre de vinte e cinco humanos em Recife, uma cidade humana no país chamado Brasil, realizado por Megatron como forma de atingir Optimus; o desaparecimento e posterior resgate de Ratchet; a manifestação em Pequim, quando prós e anti-robocistas colidiram numa batalha sangrenta. Quinze mortos, dezenas de feridos... Tudo isto havia sido um pouco demais para Optimus Prime.

Vidas de Autobots e Decepticons foram perdidas e a imagem dos Transformers perante os humanos fora extremamente prejudicada. Por toda a parte, homens e mulheres deste mundo olhavam para os Transformers com uma perigosa mistura de desconfiança e medo, enquanto vozes cada vez mais irracionais se erguiam contra os robôs, prenunciando um futuro de dor e morte.

Sim, Optimus podia sentir que coisas sombrias se arrastavam em direção a luz. Um tempo de lamentações estava se aproximando. Então, ele ergueu uma prece muda para a Grande Mente e rogou por força e iluminação.

_Ratchet, Senhor. Peço permissão para entrar.

A voz eletrônica veio através de uma transmissão do Teletran. Sem se virar, Optimus respondeu:

_Permissão, concedida.

No instante seguinte, Ratchet estava diante dele e sua face também estava tomada pela preocupação.

_Teletran, recolha os monitores – disse Optimus Prime e as telas desapareceram como se mergulhassem no solo. Em seguida, ele se voltou para Ratchet:

_Saudações. Que notícias você tem para mim? – indagou.

No decorrer dessa guerra insana, Ratchet havia se tornado o mais confiável dos conselheiros de Optimus e, mais do que isso, um amigo no qual ele poderia se apoiar nos momentos de maior crise, por isso ele agradeceu aos deuses quando o médico Autobot foi resgatado daquele grupo anti-robocista.

_Nada boas, Líder Optimus – disse Ratchet – Suas suspeitas eram verdadeiras: Jazz foi assassinado.

_De que modo? – questionou Optimus.

_Eu mesmo, mal acredito no que descobri. Já ouviu falar das “coldbits”?

_Sim – respondeu Optimus – Um mito da Internet. As partículas hipotéticas capazes de destruir qualquer software.

_Exato – continuou Ratchet – Era uma lenda entre os hackers humanos, a possibilidade do vírus de computador definitivo. Contudo, jamais pôde ser comprovada, pelo menos até agora. Como você sabe, apesar de não sermos apenas robôs, mas também seres vivos, a consciência de um Transformer nada mais é do que um software muito avançado. De alguma forma, alguém descobriu ou conseguiu produzir as “coldbits” e utilizou-as numa arma contra Jazz.

A preocupação crescia na centelha de Optimus. Ele imaginou seus comandados caindo vítimas desse novo horror...

_Um ataque Decepticon? – indagou ele.

_Não – respondeu Ratchet – verifiquei com nosso espião na base de Megatron: eles não dominam essa tecnologia, nem nós. Minha teoria é que foi um humano quem desenvolveu e usou essa arma.

Optimus curvou a cabeça. A tristeza lhe corroíia os circuitos, enquanto ele pensava nos seres humanos, a espécie que ele jurou proteger...

_Sim, Ratchet, faz sentido. O movimento anti-robocista cresceu muito nos últimos tempos. Eu devia ter imaginado que algo assim surgiria. Tome as medidas necessárias para deter essa arma. Temo que mais mortes poderão acontecer.

_Senhor, nós conseguimos anular a arma quântica de Megatron, mas isto é completamente diferente. Vou me juntar a WheelJack e Perceptor, mas não posso garantir que conseguiremos desenvolver algo para lidar com as “coldsbits”. Lamento ter de lhe trazer notícias tão terríveis, porque isso foge a tudo que conheço.

_Não é sua culpa – comentou Optimus.

Ratchet permaneceu em silêncio, como se ponderasse que palavras usar. E então falou:

_Líder Optimus, a imprensa humana está transformando esta história num “show”. Eles estão curiosos e ávidos por tudo que se referir a isso. Entre os Autobots há inquietação e perguntas. Não poderemos manter o silêncio por muito tempo.

_Não, não poderemos, mas não desejo pânico entre nosso povo, uma situação da qual Megatron e os anti-robocistas poderiam se aproveitar. Manteremos silêncio o quanto for possível. Recorrerei a meus aliados entre os humanos, para que contenham a imprensa. Até que isto seja resolvido, os Autobots devem evitar se expor em público, embora as batalhas contra os Decepticons sejam quase inevitáveis... Todos Autobots deverão permanecer na Arca e contatos com humanos estão proibidos, até o fim desta crise. Continue trabalhando numa defesa contra as “coldbits”. Ordenarei uma investigação, em conjunto com autoridades humanas, para que esse assassino seja encontrado e detido.

Optimus fez uma pausa e depois acrescentou:

_Ratchet, rezemos que esta seja a ação de um robocista isolado e de que não haja mais dessas armas. Tempos difíceis, perspectivas terríveis... Por favor, eu gostaria de ficar sozinho.

Ratchet se virou para sair, mas antes que chegasse a porta disse:

_Líder, eu já agradeci por ter me resgatado?

Optimus olhou-o com alegria, algo precioso nesta e em qualquer época:

_Sim. Apenas alguns milhares de vezes. Você é um amigo valioso, Ratchet. Espero tê-lo por perto sempre, especialmente se o futuro for o que imagino...

Ratchet pretendia dizer algo mais, porém, de algum modo, isso lhe pareceu redundante e apenas concluiu:

_Senhor, solicito permissão para sair.

_Concedida.

Em seguida, Ratchet deixou aquele recinto.

_Teletran! – Optimus ergueu sua voz – Restaure o monitor três. Mesma seqüência de imagens, porém incremente a velocidade em 70% e quero uma nova analise para o nível subatômico.

O computador obedeceu e novamente a luz inundou a sala, embora não pudesse sufocar os temores de Optimus Prime.


(continua)
[ parte 3 ]