ATB - Aliança Transformers Brasil

Entrevista - Ian Weir


Tradução dos trechos mais interessantes de uma entrevista concedida por Ian Weir, no início de 1998, ao Benson Yee (webmaster do site Ben's World of Transformers).

Introdução

Texto: Luna

Ian Weir começou seu trabalho como escritor quando ainda estava no segundo grau, escrevendo uma coluna de humor no jornal da cidade onde morava. Trabalhou como repórter, escritor de peças para rádio e teatro e, finalmente, como roteirista de séries de televisão.

Entre as séries em que atuou como roteirista, além de "Beast Wars" estão: "Northwood", "Beachcombers", "Cold Squad", "PSI Factor", "Flash Forward" e "Fifteen".

Escreveu os roteiros dos seguintess episódios de "Beast Wars": "Dark Designs", "Possession", "Code of Hero" e "Cutting Edge".


Entrevista (resumo)

Tradução: Luna


Que informações biográficas você poderia nos dar?

IAN WEIR - Bem, eu nasci nos Estados Unidos (Durham, N.C.) mas vivi quase toda a vida no Canadá, principalmente em British Columbia. Comecei com jornalismo logo no segundo grau, depois fui para a universidade - bacharelado em Inglês pela UBC e mestrado em literatura medieval na Universidade de Londres - e construi minha carreira como escritor de peças / roterista de TV. Basicamente, tenho sido escritor em tempo integral há 11 ou 12 anos. Em termos de vida pessoal, vivo em uma casa no subúrbio - minha esposa e eu temos três filhos, e Walter the Wonder Dog (Walter o Cão Maravilha).


Por favor, diga-nos como você começou sua carreira de escritor?

IAN WEIR - Eu comecei escrevendo uma coluna de humor semanal para o jornal na minha cidade (Kamloops, B.C.) quando estava no segundo grau - isso me levou mais tarde a um trabalho de quatro anos como repórter, primeiro em Kamloops e depois em Ottawa. Quando estava na universidade, vendi uma peça de rádio para a CBC, e isso me levou a passar vários anos como estudante durante o dia e escritor de rádio durante a noite (por assim dizer). Depois disso eu mudei para peças de teatro, que era meu primeiro amor na realidade, e alguns anos mais tarde acabou dando em escrever para TV. (Eu fui convidado a escrever um drama de TV para as antologias da CBC, e as coisas meio que se desenvolveram a partir daí. Eu descobri que era muito bom em escrever para TV, e também que isso dava muuuuuuuuuito mais dinheiro do que escrever para teatro ou rádio. Além disso, eu realmente gostava do trabalho que estava fazendo.


Como você foi encarregado de escrever "Possession"?

IAN WEIR - "Possession" foi o segundo (de três) scripts que escrevi para "Beast Wars" até o momento. O primeiro foi "Dark Designs", e francamente foi muito em função de que eles precisavam de uma dupla de escritores canadenses. Mas tudo correu realmente bem - eu adorei a série, e os produtores estavam contentes com meu trabalho - e então Bob Foward, um dos dois editores de estória, me pediu para montar outra idéia para ele. Eu fiz três, uma delas sendo uma idéia pouco definida sobre um dos Maximals revertendo a um programa atávico e assumindo a identidade de um antigo guerreiro Autobot. Bob me mandou um e-mail dizendo que ele vinha bolando uma idéia similar, exceto que envolvia um dos Predacons sendo possuído pela spark (centelha) inextinta de um antigo Decepticon, isto é Starscream. Então nós nos correspondemos por e-mail por algum tempo e a idéia se desenvolveu daí.


Você teve alguma experiência ou conhecimento sobre "Transformers" antes de trabalhar em "Beast Wars"?

IAN WEIR - Quase nenhuma! Eu sou velho o suficiente para não ter assistido TV nas manhãs de sábado quando a série original estava passando - e eu não tinha nenhum filho na época para me atrair a isso. Então quando a oferta inicial para escrever para a série foi feita, eu corri para a locadora para alugar alguns episódios de TF.


A estória de "Possession" muda significantemente entre os primeiros esboços e o episódio final. Quais foram as principais diferenças?

IAN WEIR - Na verdade, as mudanças principais vieram no estágio de esboços. Originalmente, eu estava construindo uma estória bem complexa. A Hasbro achou que era complicado demais, então Bob Foward - que é um editor de estória totalmente superior - tomou o problema em suas mãos e sugeriu uma forma de simplificar substancialmente. Ele refez a montagem de forma que a estória se desdobrasse em três estágios claros - Starscream retorna, toma posse de Waspinator e se oferece para "ajudar" Megatron a derrotar os Maximals; tendo feito isso, ele se volta contra Megatron e chantagea os Maximals para ajudá-lo; Optimus arma uma estratégia que vira o jogo contra Starscream e o leva à destruição.


Que pesquisa você fez para escrever sobre um dos personagens mais memoráveis de "Transformers" (isto é Starscream)?

IAN WEIR - Essa é uma história meio engraçada, na realidade. Eu não tinha absolutamente nenhuma idéia de quem era Starscream quando Bob Foward me disse para usá-lo - e Bob confessou que ele também não era realmente um expert em episódios antigos de TF. Mas, ele disse, há caras por aí na web cujo conhecimento é absolutamente enciclopédico, e ele me direcionou para o Ben Yee. Ben me respondeu em menos de uma hora com uma riqueza absoluta de informações sobre o Starscream e a série original em geral, e seguiu respondendo a uma grande quantidade de perguntas específicas enquanto eu trabalhava no refinamento da estória. Eu honestamente nunca teria conseguido escrever o episódio sem a ajuda dele, pela qual eu sou muito grato! (Eu também solicitei algumas informações do meu enteado de 17 anos, Andrew. Acontece que, antes de nos conhecermos, Andrew era um grande fã de TF - ele lembrou do Starscream da série original, e me ajudou.)


O que você achou da sua experiência de trabalhar com a Mainframe em "Possession"?

IAN WEIR - Excelente. Eles são ótimas pessoas para se trabalhar - criativos, eficientes e legais.


Como foi matar um dos principais personagens de "Beast Wars" em "Code of Hero"? É difícil escrever esse tipo de estória?

IAN WEIR - Eu tenho que admitir - quando eu estava escrevendo o discurso de morte heróica, eu realmente fiquei um pouco engasgado. Eu me senti meio bobo por causa disso, mas logo me senti melhor quando Bob Foward confessou que ele ficou engasgado enquanto lia! Na minha mente, no entando, essa pequena anedota aponta para uma das grandes forças da série - Bob e Larry conseguiram criar personagens-robôs que pareciam completamente reais para nós; eles são pessoas tridimensionais que genuinamente se envolvem emocionalmente.


Escrever para um cartoon baseado em CGI (computação gráfica) é diferente de escrever para outros tipos de séries televisivas?

IAN WEIR - Bem, um pouco, de certa forma - mas ao mesmo tempo, realmente não. Dada a despesa envolvida no processo de CGI, você tem que realmente ser cuidadoso para não escrever demais, mais do que no caso de outros tipos de séries. (Se um script live-action ficar alguns minutos mais longo, não é nada demais. Se um script CGI fica muito longo, dinheiro rapidamente começa a descer pelo ralo.) Mas como eu aludi acima, eu honestamente acho que uma das chaves para a escrita dramática é encarar tudo da mesma maneira fundamental - tentar enraizar seu roteiro na integridade dos personagens, e partir daí.


Você estaria disposto a escrever para uma série Transformers novamente?

IAN WEIR - A qualquer hora, em qualquer lugar.