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Era Glacial

Autor: CARLOS MAXIMUS


Introdução

O tremor começa como um murmúrio contínuo, aumentando gradativamente, ampliando o som da terra gritando enquanto esta abre seus imensos lábios estratificados por eras.

O gelo dança e marcha velozmente pela montanha até o sopé, onde encontra a pele metálica e fria da Arca, parcialmente afundada na rocha. Lá dentro, quase perdido no meio dos equipamentos complexos de medição e navegação, um tilintar se faz pronunciar, abafado pelos estrondos do terremoto e gelo e pedras que se chocam contra o teto da nave.

Mesmo que não tivesse que competir com a força da natureza, o som tímido não poderia ser ouvido, já que no interior da grande Arca jazem apenas restos mutilados de seres mecânicos, que, um dia, tiveram vida própria.

Junto com o som, um brilho ilumina o canto escuro e algo se move. Tem o formato de uma esfera e uma grande lente que lembra o olho esbugalhado de um peixe que agoniza fora d'água. A sonda se ergue e flutua rapidamente pelos corredores, agora silenciosos, com o fim do terremoto convulsivo. Ela encontra os pedaços de seus construtores, amontoados por todos os lados. Um verdadeiro quebra-cabeças de braços, pernas, cabeças e troncos. Outro brilho da lente-olho e uma análise rápida é iniciada.

Não mais do que 10 minutos se passam e, assim, ela ruma em direção à saída, bloqueada por toneladas de neve. Mesmo assim, a porta se abre ao detectar a esfera prateada voadora logo que esta se aproxima. O tapete branco e gelado se move para dentro da Arca, alcançando o corredor principal.

A sonda detecta a muralha branca e um fino feixe de laser é emitido, derretendo rapidamente a neve macia, abrindo um pequeno túnel por onde o corpo arredondado passa em alta velocidade.

Enfim, ela encontra seu destino: a superfície congelada e inóspita do planeta Terra. Ela está pronta para procurar as formas de vida que caminham pela época que, futuramente, será chamada pelos humanos de Era Glacial.


(continua)
[ capítulo 1 ]