ATB - Aliança Transformers Brasil

Os Dias Mais Felizes de Megatron

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Dedicatória: Dedico este conto ao amigo que encontrei em uma das salas do Mirc, que usava o “nickname” de “Megatron” e que me proporcionou um dos melhores diálogos dos quais já participei na Internet. Foi a partir de uma de suas frases (“Por que você não escreve uma história em que Megatron derrota o Optimus Prime?”) que esta história se inspirou e desenvolveu-se.


Parte 2: "Duelo na Lua Terrestre"

“De acordo com os registros, já havia muito tempo desde que um Transformer invocara o Skrim-Scharrh, uma das mais sagradas e antigas tradições de Cybertron, um duelo de morte entre dois inimigos mortais, sem hesitação, recuo ou piedade, até que um deles houvesse sido destruído. Apenas os Transformers do mais alto nível poderiam recorrer a essa prática, e, ao tempo de Megatron, talvez apenas ele mesmo e Optimus eram dignos de tanto.

No Skrim-Scharrh todas as armas devem estar desativadas e é proibido usar a capacidade de transformação. É um combate de força bruta e selvageria, no qual não pode haver qualquer auxílio ou intervenção, de quem quer que seja, não importa o motivo. Como ordena a tradição, o Transformer que interferir neste duelo deverá ser executado por seus companheiros.

Mesmo Megatron não ousaria trapacear diante de algo assim e ele ria consigo mesmo, surpreso por Optimus ter chegado a tanto, principalmente pela astúcia que este demonstrara: o líder Decepticon não poderia ter recusado o desafio, sem enfrentar a rebelião de seus subalternos, que não mais iriam respeitá-lo. Sim, Optimus fora longe demais e, ao mesmo tempo, fizera o que Megatron mais desejava, pois esta era uma oportunidade única para destruir seu mais que odiado inimigo.

Então, contados exatamente três dias, Megatron e Optimus Prime se encontraram na lua terrestre. Não houve qualquer comentário entre eles, ou ameaças, avisos ou bravatas, porque no Skrim-Scharrh não há lugar para tais coisas. Eles apenas começaram a lutar.

Foi um confronto de brutalidade, de punho contra punho, de metal esmagando metal, sem qualquer honra ou racionalidade, apenas ódio, força e sobrevivência. Certamente, em seu íntimo Optimus estava chorando, porque, diferente de Megatron, ele não era um assassino.

O Decepticon Soundwave, como lhe fora ordenado, transmitiu a batalha para todas as redes de TV terrestres e os humanos observavam e temiam por Optimus e imploravam a seus deuses que o ajudassem. Mas, assim dizem, mesmo os deuses não interferem no Skrim-Scharrh e Megatron e Optimus prosseguiram por horas, enquanto ferimentos apareciam pelos corpos de ambos, dos quais brotavam fluidos de combustível e emissões de energia.

E, em certo momento, eles estavam esgotados e seus estoques de energia se tornaram perigosamente baixos. Porém eles continuaram, porque não deve haver intervalos ou descanso no Skrim-Scharrh.

E a maré da batalha fluía e oscilava. Por vezes, Megatron surpreendeu-se com a ferocidade que encontrara em seu adversário e temeu por si mesmo e sua sobrevivência. Em outros instantes, seu lendário orgulho ameaçava fraquejar e ele se questionava se aceitar o duelo não teria sido sua ruína. Todavia, naqueles momentos, misturada a fúria que lhe era inerente, Megatron encontrou nobreza em seu íntimo e a força e a coragem para resistir e continuar. Afinal, era o Skrim-Scharrh, a oportunidade de sua vida e era Optimus que estava diante dele, o terrível inimigo que ele jurara destruir.

Até que, em certo instante da eternidade, Megatron percebeu que Optimus havia caído e ele continuou golpeando o Autobot e golpeando... Agora com mais ódio e mais rápido, embora seus circuitos lhe alertassem que seus sistemas estavam prestes a entrar em colapso... Não importava, era Optimus que estava caído... Era Optimus que deveria morrer...E Megatron continuou...

E então, de repente, Optimus estava imóvel e sua cabeça havia sido esmagada. Megatron observou atentamente seu inimigo... E um riso da mais pura selvageria formou-se no rosto do Decepticon: Optimus Prime, o líder Autobot, estava morto.

Megatron ergueu os braços, olhou para o firmamento e gargalhou, embora o vácuo não lhe permitisse escutar qualquer som. Ele havia vencido e assassinado seu mais poderoso e odiado adversário. Havia cumprido o propósito para o qual fora criado.

Em seguida, Megatron ergueu o cadáver de Optimus Prime e arremessou-o, com o que restava de suas forças, em direção à Terra. Após horas atravessando o espaço, o corpo do Autobot entrou em atrito com a atmosfera terrestre e incendiou-se. O Decepticon Soundwave acompanhou a trajetória do cadáver, até que este caísse no continente que os humanos chamam de Austrália.

Por fim, os sistemas de Megatron entraram em colapso e ele sucumbiu no solo da lua terrestre. Enquanto suas últimas partículas de energia o abandonavam, percebeu que esta seria uma boa morte, pois partia mais feliz do que jamais estivera antes... Mais do que poderia ter sonhado.

E este, para desgraça dos humanos e de todo o Universo, foi o início dos dias mais felizes de Megatron...”


(continua)
[ capítulo 3 ]