Coldbyte

Nota legal: Os direitos autorais de Megatron, Optimus Prime, Cybertron, Transformers e conceitos e personagens relacionados pertencem, unicamente, a seus criadores. Esta obra tem objetivos, apenas, culturais e de entretenimento, portanto, nenhuma forma de ganho, lucro ou transação financeira está sendo realizada aqui.

Parte - 5

Arca. Base Autobot. Área Leste. Manhã de domingo. Alguns minutos antes da tragédia.

_A imprensa mundial foi pega de surpresa hoje, no que pode ser a manchete mais importante deste início de século XXI – comentou uma repórter inglesa para seu noticiário de TV – quando Miguel de Oliveira Holstein, filho do magnata Augusto Oliveira Holstein, revelou-se, diante de Optimus Prime, o líder dos controversos Autobots, como sendo o assassino Coldbyte, e ameaçou executar o conhecido robô alienígena em frente às câmeras de todo o planeta. Telespectadores, vamos prender nossa respiração e esperar pela próxima cena deste drama. Aqui, na Ukpress TV, onde a verdade acontece. Melany U. K. Jones, direto da Arca, para a UKpress TV.

_ O que? - disse furioso o Coldbyte – Não tá com medo? Pois devia! Em trinta segundos você vai ser uma carcaça e eu vou rir disso... Por Deus, como eu vou rir!

Optimus permaneceu em silêncio. Os repórteres aguardavam e também nada disseram. Em todo o mundo, prós e anti-robocistas antecipavam o terrível momento seguinte, enquanto por toda a Arca, Autobots leais a seu líder ou não lutavam contra o desejo de interferir.

Nos lábios do rapaz, havia um sorriso selvagem, enquanto a luminosidade da esfera aumentava. E então o Coldbyte disse:

_Não vai dizer mais nada? Quais são suas últimas palavras? Que tal algo bem posudo, filosófico, profundo... E bem hipócrita? Vamos! Diga alguma coisa!

Optimus Prime olhou com firmeza para seu adversário e disse:

_Glória a Cybertron!

_O que...? – esbravejou o rapaz. Porém, logo sentiu o cano de uma arma cybertrônica encostado contra sua nuca e uma voz mecânica, firme, poderosa e desafiadora tocou-lhe os ouvidos:

_Ora, por favor! Era uma senha de ataque. Pela Grande Mente! Vai me dizer que não entendeu isso? Agora se vire bem devagar.

O Coldbyte obedeceu e logo estava encarando Blaster, que tinha uma arma apontada para o adolescente. Ao lado do Autobot, um humano, trajando terno e gravata, que segurava um revólver comum.

_Miguel Holstein de Oliveira... Coldbyte... Eu apresento a você Blaster, chefe da equipe de segurança interna da Arca, e Jean-Phillipe Nouveau, representante da Interpol – explicou Optimus.

Olhando para Blaster, Coldbyte riu levemente:

_Essa coisa de concurso... Tudo foi uma armadilha para mim, não é?

_Claro – respondeu Blaster – e você foi burro o bastante para cair.

_É? – questionou Coldbyte – Mas ainda posso ser rápido o bastante para fritar seu precioso “Líder Optimus”.

_Se você mover uma só molécula, eu te mando para o lugar que vocês chamam de “Inferno”.

O Coldbyte permaneceu apenas rindo baixinho, sem qualquer sinal de que iria obedecer. A tensão cresceu e espalhou-se pelo ar. Porém, logo pôde se ouvir o zumbido da arma de Blaster, prestes a disparar, e o adolescente apenas disse:

_Desativar.

A luz desapareceu da pequena esfera e, prontamente, Blaster voltou a arma na direção daquele objeto, atirou e o dispositivo do Coldbyte caiu ao chão e transformou-se numa poça de metal derretido.

O Coldbyte gritou de forma desesperada, ajoelhou-se diante de sua criação destruída e começou a choramingar, de um modo que despertava pena. Os repórteres apenas observavam tudo aquilo, exultantes com a matéria que essa história daria. Ninguém disse nada, até que o rapaz se levantou, enxugou as lágrimas com as mãos e encarou novamente Blaster.

_Ah, Blaster! O nobre e corajoso Blaster... Você gosta de derreter coisas, não é? Lembra daquele seu amigo, que você deixou os Decepticons derreterem lá em Cybertron? Às vezes, penso como deve ter sido doloroso morrer daquele jeito, não é?

Blaster emitiu um som quase indefinível para os humanos, algo mecânico, eletrônico e que, talvez remotamente, lembra-se o grunhido de alguma fera.

_Excremento orgânico! Eu não gostava muito de RedAlert, mas vou adorar o que farei com você agora – gritou ele e o zumbido de ativação de sua arma foi novamente ouvido, seguido por um lamento que vinha dos repórteres...

_Líder Optimus, você prometeu que... – suplicou Jean-Phillipe, apontando o revólver para Blaster.

_Pare, Blaster! – ordenou Optimus e o guerreiro Autobot desativou sua arma, baixou-a e depois curvou a cabeça.

_Perdoe-me, Líder! – disse ele por fim.

_Heh! Eu sabia que você era só um frouxo! – zombou Coldbyte.

_Ignore-o, Blaster – aconselhou Optimus e virou-se para o representante da Interpol – Jean-Phillipe...

O humano sentiu-se aliviado, apontou o revólver na direção do rapaz e declarou:

_Miguel Holstein de Oliveira, vulgo Coldbyte, você deve vir comigo, sob custódia, enquanto as autoridades internacionais decidem o que fazem.

_Hah! Você deve estar se achando o máximo, né, Optimus? – indagou Coldbyte, olhando com um tom de desacato para Jean-Phillipe – Mas como é que eles chegaram tão perto sem que eu percebesse?

_Uma antiga tecnologia de camuflagem cybertrônica – respondeu o Líder dos Autobots – não era usada pela minha espécie há milênios e nenhum humano a conhecia. Contei que pudesse enganar você.

_É, muito esperto. Mas não vai nem me perguntar como consigui atingir vocês onde quer que estivessem? – quis saber o Coldbyte.

_Eu apreciaria se você nos dissesse. – comentou Optimus Prime.

-Há uma “ligação” secreta entre todos vocês, Transformers – explicou com orgulho o Coldbyte - Uma conexão em rede, num nível tão inconsciente que vocês nunca perceberam. E o mais estranho é que toda essa conexão aponta para algum lugar que não o sei o que é...

“O elo sagrado que une todos os Transformers entre si e que nos conecta a Grande Mente, a qual observa todos os nossos atos... Por eras não foi mais do que uma lenda e agora esse demônio prova que ela existe... Ó Grande Mente, quão irônico é o universo que planejastes...”, meditou por um instante Optimus Prime e, em seguida, sua atenção voltou-se novamente para o assassino:

_Antes que Jean-Phillipe leve você, tenho uma última pergunta: por que fez tudo isso?

_Ah, robô grande e idiota! – Gargalhou o Coldbyte – Você vai gostar disso: eu poderia dizer que foi pra salvar a humanidade da ameaça Transformer ou só pra chamar atenção e aparecer na imprensa como algo melhor do que “o filho gênio e problemático de Augusto Holstein Oliveira”... Afinal, “salvador do mundo” não é lá uma coisa ruim, não é mesmo? – E o Coldbyte fez uma pausa, baixou a cabeça, hesitou um pouco, depois começou a rir de forma tola e, então, disse: _você pode achar que é loucura, mas, talvez tenha sido tudo isso e algo mais importante: diversão. Isso aí! Eu me diverti um bocado e ainda vou rir de você no final. Ah, valeu a pena, sim!

Optimus Prime, o líder Autobot, olhou para o Coldbyte com toda a atenção possível e lamentou pelos seres humanos: tantos milênios de evolução e uma criatura como Miguel Holstein de Oliveira foi produzida...

_Jean-Phillipe, por favor, leve-o daqui... – pediu Optimus, voltou-se e começou a andar de volta para o interior da Arca, no que foi acompanhado por Blaster.

_Certo. Vou levá-lo de carro até a cidade mais próxima, tenho uma equipe de apoio preparada para lidar com ele. Meu amigo, eu sinto por tudo que aconteceu.

_É? – Gritou o Coldbyte – Não sai agora não, alienígena! Ainda não te contei a melhor parte! Sem se voltar para o rapaz, Optimus respondeu:

_Seu povo cuidará de você agora, assassino.

_É?! – bradou o Coldbyte – Acha que eles vão me condenar? Com o dinheiro de meu pai eu não vou nem chegar perto de um tribunal e, além do mais, vão me culpar pelo que? Por matar robôs? Sabia que sou ídolo pra muita gente? Tem milhões de pessoas que queriam ter feito o que eu fiz. Eles vão protestar por mim... E as autoridades não vão querer contrariar esse povo todo.

_Você não é um exemplo de toda a humanidade. Há muita coisa nesse mundo melhor do que Miguel Holstein de Oliveira. Do contrário, eu não teria lutado todos esses anos contra os Decepticons... Em favor do povo humano.

Ao escutar essas palavras, o Coldbyte gargalhou de uma forma tão irracional, selvagem e perigosa que assustou a todos naquele lugar, de repórteres a Autobots. Optimus e Blaster voltaram-se para ele.

_Eh! Parece que consegui tua atenção! Você acreditaria se eu dissesse que tudo se resumiria a isso? Ah, claro que não! Você é certinho demais para isso. Escuta, eu tenho uma pequena história pra te contar: o grandioso e falso Optimus Prime não foi o único a fazer planos: eu também tinha um “esquema de emergência” para o caso das coisas darem errado hoje: espalhei pela Internet o projeto de meu dispositivo de coldbits. A essa hora, computadores de todo o mundo estão sendo invadidos por essa informação. Pense nisso, Optimus... Milhões de humanos vão construir duplicatas de minha arma. Você não tem como impedir isso. Pense, milhões de armas coldbits... Você e seus Transformers vão cair como soldadinhos de chumbo.

Optimus observou o Coldbyte, pensando cuidadosamente no que deveria fazer...

_Ah! Ficou irritado, hein? E o que vai fazer? Me matar? Ora, o arrogante Optimus Prime não é vingativo... É um herói... Nunca machucaria um “indefeso humano”... Ainda mais se arriscando a criar um mártir e jogar a humanidade contra os robôs... Heh! Como eu disse: seu povo vai morrer e eu vou rir de você até o final!

Muito já foi discutido sobre o que ocorreu a seguir, um instante sombrio que seria lembrado como um acontecimento fatídico na história dos dois povos, Transformers e humanos. Muitos comentam que pareceu durar um século, embora não tenha levado mais do que um momento: Optimus Prime disparou contra Miguel Holstein de Oliveira, também conhecido como Coldbyte e o rapaz gritou e foi incinerado até que nada mais restasse dele, exceto uma mancha escura no chão da Arca...

_Os últimos minutos aqui na Arca, a base dos desafortunados Autobots, serviram de palco para a tristeza e revolta da humanidade – comentou Sarah Ann Nyongo, do telejornal sul-africano South Africa Voice - após Optimus Prime ter assassinado a sangue frio Miguel Holstein de Oliveira, o famoso Coldbyte, que já estava sobre a proteção da Interpol. Após o sanguinário acontecimento, repórteres de todo o mundo cercaram o Líder Autobot, mas este se recusou a qualquer esclarecimento, permanecendo em silêncio, enquanto aguarda a chegada de um veículo que irá conduzi-lo às autoridades internacionais. Um princípio de tumulto...

_...Tivemos quase um princípio de tumulto quando os Autobots, que estavam no interior da Arca, correram para afastar os repórteres que insistiam em obter respostas de Optimus Prime. Gritos e ameaças de ambos os lados terminaram com as ordens de Optimus, que usou de sua autoridade para conter seu povo e afastá-los da imprensa. Um clima de tensão pré-guerra toma conta de todos enquanto esperamos por... Vejam: o veículo da Interpol acaba de chegar e olhem: é o famoso Ratchet, médico Autobot, ele está se aproximando do Lider Optimus... Vamos tentar conseguir uma declaração... Ratchet, por favor, um comentário para... Vocês viram isso? Ele nos ignorou! Como podem tratar a imprensa assim?! Não é a toa que, por todo o mundo, em todas as línguas, erguem-se milhões de acusações de “robôs assassinos” contra esses Transformers... Ah, parece que Jean-Philipe Nouveu vai falar com Optimus Prime. Senhores Telespectadores, vamos aguardar por mais bombásticas notícias a qualquer momento. Jack Selsh, para o US Internews.

Um grande e sombrio blindado da Interpol chegou à Arca para levar Optimus Prime, que já havia depositado sua arma aos pés de Jean-Phillipe, diante dos olhos de revolta dos Autobots.

Ratchet aproximou-se de seu amigo, porém apenas olhou para ele, sem nada poder dizer nesse momento. Os outros Autobots, incluindo Blaster esperavam um pouco mais atrás, como seu líder havia lhes ordenado. Furiosos e frustados eles olhavam para os repórteres, que, temerosos, apenas fotografavam e transmitiam em silêncio. Jean-Phillipe Nouveau falou com Optimus:

_Meu amigo, por que isso? Ele estava detido, indefeso... Não era necessário...

_Jean-Phillipe, – respondeu Optimus – Ele era um assassino, cujos atos custaram vidas a meu povo e que irão provocar uma guerra entre minha espécie e a sua. Pense, graças a ele vocês exterminarão os Transformers que estão na Terra e Cybertron irá revidar. Considere quantas mortes irão ocorrer, para nossos dois povos. O que fiz foi vingança. Penso que ele merecia pagar pelo terrível futuro que criou. Eu me entrego à justiça humana. Pelo crime que cometi, procedam como julgarem melhor.

Como ocorrera com Ratchet, Jean-Phillipe teve dificuldade em encontrar as palavras apropriadas para aquele momento e apenas disse:

_Optimus, farei o possível para que você tenha justiça. É tudo que está a meu alcance.

_É o bastante. – respondeu Optimus e voltou-se para seus comandados – Autobots, eu passo a liderança de nosso povo a Blaster, sigam-no e confiem nele. – olhou para Blaster – Um tempo sombrio aguarda nossa espécie. Cuide bem de nosso povo e impeça que se tornem assassinos, como eu me tornei. – e depois seus olhos se fixaram no rosto de Ratchet – Amigo, aconselhe Blaster com sabedoria, como fez comigo. Ele precisará muito de você.

_Sim, Optimus. – disse Ratchet com tristeza e acrescentou – Adeus, meu amigo.

_Adeus, Blaster. – respondeu Optimus.

_Líder, pois você será para sempre nosso líder, embora eu pense que devíamos incendiar esse planeta para salvar você, eu vou fazer como me pediu – prometeu Blaster.

_Sim, eu não esperaria menos de você. – confirmou Optimus e depois voltou sua atenção para o representante da Interpol – Jean-Phillipe, estou pronto.

Após estas palavras, Jean-Phillipe Nouveau deu ordens em francês, através de um pequeno comunicador, e do veículo blindado cinco homens pesadamente armados, com capacetes e coletes metálicos desceram e escoltaram Optimus para dentro.

_O veículo da Interpol acaba de deixar a Arca levando o aprisionado Optimus Prime, perante uma multidão de melancólicos e revoltados Autobots. Exatamente enquanto falamos, rumores inundam a Internet, sobre novos tumultos e conflitos de anti e pró-robocistas através do globo. Outras fontes garantem que Megatron teria jurado uma grande ofensiva contra a humanidade pelas ações do falecido Coldbyte. Comenta-se, até mesmo, uma aliança de algumas facções Autobots com o odiado líder dos Decepticons. Outra especulação é de que um representante de Cybertron já teria requisitado uma audiência urgente com a ONU. Para nós, repórteres aqui na Arca, o olhar melancólico dos Autobots, o aspecto resignado de Optimus Prime quando se entregou e o som mecânico da porta do veículo da Interpol fechando-se compõem um quadro trágico, um terrível aviso de que toda uma era para os Transformers e nós, seres humanos, terminou. Por minha parte, enquanto observava um desolado Ratchet recolher-se ao interior desta nave, percebi que estamos testemunhando o início de um novo, terrível e sanguinário capítulo para nossos povos. Kyosh Yonaka, para o Japan InterPress Online