ATB - Aliança Transformers Brasil

CrashJones

Autora: RITA MARIA FELIX DA SILVA


Nota legal: Os direitos autorais de Megatron, Optimus Prime, Autobots, Decepticons e demais personagens e conceitos relacionados pertencem a Hasbro Inc. Esta história foi escrita, unicamente, para fins culturais, sem qualquer objetivo financeiro ou lucrativo - portanto, nenhuma forma de comércio ou ganho está sendo praticada aqui.

Parte 2

O humano diante de mim aparentava ser bem jovem, com certeza ainda não havia ultrapassado os 21 anos. Seus traços eram frágeis e orientais, o cabelo era longo e escuro. Estava vestindo uma armadura acinzentada e leve, que, porém, deixava sua cabeça a mostra. Segurava duas pistolas de raios, laser ou alguma variação – como eu logo descobriria. O que, porém, deixou-me curioso foi quando analisei aquela tecnologia: uma engenhosa mistura de técnicas humanas e transformers.

Ele tremia diante de mim, como se nunca houvesse confrontado um Decepticon antes - e. talvez isso fosse verdade – mas disparou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Os raios eram azulados, de uma intensidade que me surpreendeu. A dor que provocavam era extrema, porém, suportável. Apenas resisti e esperei, até que as duas armas se sobrecarregassem, interrompessem seu ataque e caíssem fumegantes e inúteis ao chão.

— Pelos Ancestrais! – disse aterrorizado o humano – Você é CrashJones!

— Sim – respondi, sem disfarçar um certo orgulho por ter sido reconhecido.

— Essas armas... Elas deveriam derrubar qualquer Decepticon... Nenhum Transformer poderia resistir a isso... Exceto o Líder Optimus...

— Exceto Optimus Prime, exceto Megatron e Soundwave e, como acabei de demonstrar, exceto a mim – expliquei, para logo depois acrescentar – Quem é você? Um humano na Arca? Pensei que haviam sido proibidos aqui, desde o incidente com Spike e o pai dele...

— Eu sou Takeo Yamada. Eu salvei a vida de Optimus no mês passado, durante aquela batalha no Japão, aquela que envolveu Sakuo Hydeoshi. Eu construí esta armadura e as armas. Optimus ficou agradecido e impressionado e me deixou ficar aqui, mesmo contrariando a vontade dos outros Autobots.

Por que veio? – indagou o humano.

— Vim matar DarkFusion – eu disse secamente, já imaginando o efeito que isto provocaria.

— Não! – desesperou-se Takeo Yamada – Ele é meu amigo e eu sou o único amigo dele. Não vou permitir que você faça isso!

Após esta declaração, ele atirou-se sobre mim, confiando em seu poder, tentando me ferir com seus socos. Tão corajoso e nobre, tão louvável... Tão inútil. Ignorei os golpes dele, e, com uma das mãos, rasguei a placa peitoral da armadura de Takeo Yamada, os sistemas daquela vestimenta entraram em colapso e pararam de funcionar. Segurei-o pelo braço direito acima do solo, olhando-o atentamente e depois o arremessei no chão. Ele caiu a três metros dali e breve levantou-se com sangue escorrendo pela boca.

— Não se envergonhe. – esclareci – contra outro Decepticon seu ataque poderia ter funcionado.

Ele olhou para mim com uma expressão tão triste de derrota no rosto e ameaçou:

— Os Autobots vão perceber nossa luta, logo vão estar aqui e você não vai conseguir nem chegar perto de DarkFusion.

— Estou usando um nulo-campo. Eles não me detectarão a tempo. – discordei – Quero que entenda que não desejo mal a você. Na verdade, é pelo futuro de sua espécie que estou aqui hoje.

— Matar DarkFusion? Em que isso beneficiaria a humanidade? – ele questionou.

— Eu... Sou mais do aparento... Eu vi o futuro, Takeo Yamada. Através de DarkFusion, – expliquei, com certa hesitação, pois jamais havia compartilhado esta verdade com ninguém, exceto o TecnoGod– Optimus Prime esmagará Megatron e os outros Decepticons. Sem nossa oposição e tomado pelas melhores intenções, ele assumirá o controle do planeta Terra. Sob a tutela do líder dos Autobots e sua moral, seu código de conduta hipócrita e falho, a humanidade definhará até tornar-se algo pequeno e vergonhoso, indigno do que já foi e do que poderia vir a ter sido. Tenho planos para o povo humano e não posso permitir que esse futuro, de que falei, se concretize...

Takeo Yamada olhou para mim e havia uma tal tristeza naquela face, como se percebesse ser incapaz de convencer-me a desistir de minha missão. Aquele semblante refletia derrota, desespero e a certeza dos que sabem que estão prestes a morrer. Não pude evitar de sentir pena dele.

— Eu gostaria que você fosse um Autobot. Seria mais fácil para mim. Se eu deixa-lo viver, vai correr para os Autobots e eu terei um exército deles contra mim. Gostaria de acreditar que você não agiria dessa forma, mas nós dois sabemos que seria uma esperança infundada, não é mesmo?

Aproximei-me dele e estendi minha mão direita aberta em direção a seu rosto, até que estivesse a uma distância de dez centímetros.

Lágrimas despencavam dos olhos de Takeo Yamada e, em tom de súplica, ele disse:

— Quando encontrar os Autobots, você pode dizer que eu fui heróico como eles, que resisti até o final e que morri lutando contra você, sem jamais me entregar?

— Um último desejo? – indaguei compadecido dele – Sim, eu farei como me pediu.

Então, disparei uma rajada elétrica contra o rosto dele, com tal intensidade e brevidade que garantisse uma morte indolor. O corpo de Takeo Yamada estremeceu, por uma fração de momento, e tombou inerte para todo o sempre.

Ajoelhei-me diante do cadáver, curvei a cabeça e juntei as mãos numa prece, primeiro a vários dos deuses dos humanos e depois uma oração em dialeto Decepticon.

Depois me ergui, com a arma preparada, e marchei para o laboratório onde esteva DarkFusion. Com o código vocal que eu roubara, a porta deslizou inocentemente e eu entrei. A minha frente estava Ratchet, adormecido em uma cadeira, em mais um ciclo de sono, um assunto do qual eu já ouvira falar. À direita, recostado a uma maca metálica, posta em posição vertical, e tendo o corpo coberto por fios que o atavam a uma infinidade de máquinas, estava o grande e poderoso DarkFusion, dormindo e completamente indefeso.

Como eu deduzira, Optimus estava confiante demais na segurança da Arca, certo de que nenhum Decepticon poderia chegar até aqui... Tolo.

Primeiro voltei minha atenção para Ratchet. A tentação de incluir a morte do maior médico Autobot a minha lista de conquistas era quase irresistível. Porém, eu devia me ater ao plano e, lembrei, brevemente, que uma vez ele salvou a vida do próprio Megatron... Por isso, recorri a um disjuntor psíquico que eu trouxera. Aquele pequeno objeto, metálico e retangular, aderiu magneticamente à cabeça do autobot e o manteria desacordado por mais algumas horas. Tempo suficiente para o que precisava ser feito.

Voltei-me para DarkFusion e apontei minha arma para ele. Mesmo sendo tão poderoso, ele estava indefeso naquela situação. Não teria como sobreviver. Sim, seria fácil... Fácil demais, simples demais, uma vitória sem qualquer valor, indigna de mim mesmo. Lembrei-me do plano e dos outros Decepticons zombando de mim, dizendo que eu era humano demais para ser um Transformer.

Então eu disse: _DarkFusion! Acorde!

E, lentamente, ele abriu os olhos.


(continua)
[ parte 3 ]