ATB - Aliança Transformers Brasil

O Filamento Primordial

Autora: ROSANA RABADJI ("ROSANAZUL")


Dedicatória: Para Jackeline, que me inspirou “a dar um salto” nessa história, David Bowie e Coldplay, meus ídolos e fontes de inspiração, e a todos da ATB.


Parte 1

O sol começava a nascer quando ouvi os berros do treinador:

— VAMOS SUAS LESMAS, ESTÃO PENSANDO QUE AQUI É UM SPA? LEVANTEEEM!!! CORRIDA COMPLETAAA!!!

Ótimo, lá estava eu correndo com vários alunos, num acampamento de detenção. Com direito a todos os exercícios disciplinares rígidos, monitorados por um treinador antipático. Tudo porque há duas semanas participei de uma trágica festa da faculdade. Como eu poderia saber? Estava apenas entre os convidados da festa! Mas o estranho é que sinto que aconteceram muitas coisas... e simplesmente não me lembro! O arrepio ainda tomava conta de mim quando pensava naquele estranho hotel Bodega Bay INN... e nas vítimas que afirmavam ter visto bonecos “vivos”...

Ah, melhor esquecer isso!

Depois de passar por uma centena de árvores (e perder a noção da direção, dependendo ainda mais do odiável treinador), eis que alguém ousou quebrar o ritmo da corrida.

— Ô treinadooor! Venha aqui ver isso! – gritou Jackeline, uma colega minha.

— O que foi? Por quê parou de correr? – perguntou o treinador aborrecido.

— Olha só o tamanho dessas pegadas! – indagou Jackeline

— Ora, são só pegadas de um gato selvagem. – retrucou ele, olhando para uns leves rastros deixados na terra, do lado esquerdo.

— Não, estou falando das pegadas “daquele gato” ali. – apontou Jackeline para o lado direito.

O efeito foi como cutucar um grande formigueiro. Todos os alunos ficaram alvoroçados e quando olhei para o treinador, sua postura arrogante se tornou temerosa.

Atrás de alguns arbustos havia pegadas gigantes, com boa profundidade e bordas retas, marcadas num terreno em declive.

— Cara, só pode ser dos robôs que passaram na TV! Eles estão por aqui! – exclamou outro aluno.

Enquanto todos falavam ao mesmo tempo, a mistura de suas vozes me fez viajar para longe. Relembrei os noticiários da semana passada, que falaram até a exaustão sobre a vinda na Terra de novas formas de vida inteligentes... e mecânicas! Sim, robôs gigantes com pensamento próprio. E da destruição e pânico que espalharam em duas pequenas cidades.

Mas a voz do treinador me fez acordar:

— Vamos! De volta para o acampamento! – ordenou ele – Chegando lá, avisem a todos para arrumarem suas coisas depressa!

— Adeus Montanhas Rochosas! E adeus exercícios chatos!- gracejou Jackeline, acompanhada pelos risos dos colegas.

— Só dê adeus às montanhas, porque os exercícios vão continuar em outro lugar “senhorita risadinha!” – respondeu ele, rodeado por mais risos. Mas logo estávamos sérios, arrumando nossas mochilas e desmanchando as barracas.

— Rosieth, você acha que esses robôs estão tomando a Terra e vão nos destruir? – perguntou Jackeline preocupada.

— Não sei. – respondi – Eu acho que não. Talvez nem todos eles queiram fazer isso. Embora a TV mostrou muita destruição, três reportagens mostraram alguns deles defendendo algumas pessoas, você viu?

— É, eu vi isso, mas a TV deu mais destaque para “aquele robô branco” com seu canhão e...

Silêncio. Todo mundo parou o que estava fazendo.

Percebemos um som fraco e uma vibração no chão. As garrafas de água mineral ao redor tremiam.

— Meu, que louco! Jurassic Park total! Hehehe! – gracejou um calouro.

— CALA A BOOCAAA! – retrucamos.

O som fraco parou. Depois continuou. Parou novamente. Até que recomeçou, ganhando então força a cada segundo, tornando-se estrondos que anunciavam algo grande chegando, com ritmo e velocidade.

— SAIAM DAS BARRACAS E CORRAM PARA OS JIPES! – gritou o treinador.

Mas era tarde demais. Entre os alunos que já estavam fora das barracas e alguns que ainda estavam dentro, todos foram surpreendidos por uma visão magnífica e ao mesmo tempo assustadora.

Quatro enormes robôs nos cercaram. Eles diferenciavam-se no tamanho e no visual, mas os dois da esquerda possuíam “olhos” azuis, enquanto os dois da direita possuíam na cor vermelha.

Até aquele momento, os robôs pareciam ignorar nossa presença.

Um deles levantou uma arma, apontou para um robô na sua frente e disse:

—[ Soundwave, use a lógica e renda-se agora. Você está em desvantagem.

Sua voz era eletrônica e fria, porém me pareceu firme e sensata. Já a voz do que foi mencionado era extremamente grave e tenebrosa:

—[ Você substima minhas habilidades, Autobot. Você e seu pequeno e frágil ajudante.

—[ Posso ser pequeno Soundwave, mas tenho força suficiente para defender o verdadeiro líder Transformer: O líder Optimus Prime!- respondeu com fibra o menor, de olhos azuis e de corpo amarelo.

—[ Tolos, vocês serão exterminados. Rumble, entre em ação!!!

Estávamos tão maravilhados e paralisados com a inacreditável conversa que quando olhamos para o quarto robô, ele já tinha se curvado para baixo. Nós ouvimos um som característicos de peças se movendo e se encaixando e este pequeno robô azul-acinzentado com visor vermelho tinha substituído suas mãos por duas espécies de pesos. Duas bate-estacas, que começaram a esmurrar o solo.

Tudo ao nosso redor sacudiu com violência e grandes fissuras surgiram, engolindo algumas árvores e objetos. Dois alunos também foram tragados pela terra.

“—SE ABAIXEM E SE ARRASTEM PARA LONGE DELES!!!- gritou como o treinador- VÃO PARA OS JIPES!


(continua)
[ parte 2 ]