ATB - Aliança Transformers Brasil

A Pequena Estrela

Autora: ALESSANDRA "SPARKIE"


Este fanfic foi criado como se fosse um episódio de Beast Wars. O episódio fictício relatado aqui acontece um pouco após a chegada de Tigertron (antes do aparecimento de Viúva-Negra). Certas passagens do fanfic também se referem a episódios anteriores da série.


Parte 1

Naquela manhã, Rattrap havia acordado excepcionalmente mal-humorado. Seu azedume e seus comentários sarcásticos já eram velhos conhecidos de toda a equipe Maximal – até mesmo do recém-chegado Tigertron, ainda que ele raramente pusesse os pés dentro da nave. Mas naquele dia, parecia que o sarcasmo e o humor negro do rato haviam sido substituídos por uma dose ainda maior de grosseria e insolência.

Foi Cheetor quem primeiro percebeu a mudança. Ao passar pelo corredor dos quartos da tripulação, ele viu Rattrap saindo de seu quarto, com uma expressão séria e andar vagaroso, e não pôde deixar de fazer um comentário:

- Nossa, Rattrap, você está com uma cara péssima hoje...

- E você tem estado com uma cara péssima desde o dia em que te conheci, bichano – foi a resposta do rato. - O que você tem a ver com a cara que eu tenho ou deixo de ter?

- Ei, foi apenas um comentário! – disse Cheetor, ofendido. – Não quis dizer “péssima” de “feia”, e sim “péssima” de “zangada, azeda e muito esquisita”!

- Engraçado, o meu “péssima” em relação à sua cara também não foi de “feia”. Foi de “chata, amassada e insuportavelmente intrometida”!

- Ah, já entendi, o ratão está de mau humor... Bem, então é melhor eu sair do seu caminho e não incomodá-lo mais, não é?

- Acabou de ganhar o prêmio de inteligência do ano! Então... se o bichano pulguento me permite... – e Rattrap continuou a andar em direção à sala de controle.

Naquele momento, Optimus vinha passando casualmente pelo corredor, e não pôde deixar de notar o tom irritado na voz de Rattrap na última frase dita por ele. Aproximou-se de Cheetor e perguntou:

- O que houve por aqui? Por que Rattrap parecia tão zangado?

- Nem me pergunte, Optimus. Eu também gostaria muito de saber. Apenas comentei que a cara dele estava anormalmente séria e ele só faltou me dar um soco no focinho!

- “Anormalmente séria”, não é? – disse Optimus, rindo. – Então, não precisamos nos preocupar. Ele sempre se irritou facilmente com qualquer coisa, é a natureza dele. Aposto como daqui a algumas horas ele vai estar por aí debochando e irritando outra vez. Se conheço bem o Rattrap, ele não vai ficar muito tempo com esse humor.

- É bom que não fique mesmo, pois se ele continuar assim, ele e Dinobot vão acabar realizando o sonho que os dois têm de massacrarem um ao outro...

- Seria um grande favor que ambos nos fariam... – murmurou Optimus. Mas subitamente ele mudou de assunto: - A propósito, Cheetor, você conseguiu consertar o computador 2 da sala de controle?

- Ahn... não, eu não consegui... – respondeu Cheetor, aborrecido. – Eu tentei de tudo, mas aquele aparelho parece que não gosta de mim! Na minha última tentativa, ele soltou uma porção de fagulhas e desativou mais uma de nossas sondas...

Optimus suspirou, e começou a caminhar.

- Bem, então é melhor você desistir. Você nunca teve muito jeito com máquinas... Pare de mexer nele ou você vai acabar desativando a nave inteira.

- Hã... eu já parei ontem! Rhinox está tentando consertá-lo agora. – Cheetor agora caminhava atrás de Optimus. – Mas, espera aí, Optimus, como assim “nunca tive jeito com máquinas”? Você já se esqueceu daquele ótimo raio de teletransporte que eu criei??


Na sala de controle, Rhinox estava deitado no chão, às voltas com um computador que não parava de soltar fagulhas e fumaça.

- Isso não é bom... – murmurou ele para si mesmo.

Rattrap entrou, e sentou-se em frente ao computador 3 em silêncio. Rhinox só notou a presença dele quando ouviu o barulho do aparelho sendo ligado.

- Rattrap, preciso de sua ajuda aqui . O computador 2 está seriamente avariado, e temos que consertá-lo o mais rápido possível.

- Ei, grandalhão, tenho outras funções além de servir como passador de ferramentas, sabe? – respondeu Rattrap, sem tirar os olhos do monitor. – E além disso, não era Cheetor o responsável por esse computador?

- Era... como você mesmo disse. E não quero que me passe nenhuma ferramenta, quero que tente operar o computador enquanto eu tento fazer os reparos.

Rattrap abriu a boca para replicar novamente, mas achou melhor não. Rhinox não era a pessoa certa para ouvir desaforos... Limitou-se a dar um suspiro irritado e levantou-se para ajudar o grandão.

Só então Rhinox percebeu o que estava havendo.

- Hum... Está mais mal-humorado do que de costume, não é? O que aconteceu?

- Nada, grandalhão. Apenas levantei com a pata esquerda, só isso.

- Achei que você se levantava sempre com a pata esquerda... Mas hoje vejo que estava enganado. Dinobot outra vez?

- Só a presença dele já me daria umas dez razões para ficar irritado. Mas se que quer saber, nem mesmo eu sei o motivo de estar assim. Uma abelha furiosa deve ter entrado no meu disco rígido...

- Vê alguma coisa na tela?

- Nada, só o reflexo do meu rosto impaciente. Quem quebrou este computador afinal?

- Foi você, lembra? Quando tentou reiniciar todos os computadores de uma só vez. Este aqui teve uma sobrecarga de energia e pifou. E Cheetor ainda o explodiu quando tentou consertá-lo...

- Aquele peludo deveria ser proibido por lei de mexer em qualquer coisa mais complexa que uma escova de dentes elétrica! Ow, estou sem paciência para ficar em frente a esse computador idiota!

- E eu estou sem paciência para ouvir as suas reclamações! Cale a boca e tente fazer alguma coisa daí.

Naquele instante, Optimus e Cheetor entraram. Ao ver as fagulhas do computador, o líder Maximal olhou desaprovadamente para Cheetor, que abaixou a cabeça e se afastou rapidamente.

- E então, Rhinox – perguntou Optimus. – Como vão indo os reparos?

- Estou fazendo o que eu posso, mas nem o computador e nem Rattrap parecem dispostos a cooperar... – e como resposta, o computador soltou mais uma enxurrada de fagulhas, desta vez bem na cara de Rattrap. O rato só não soltou um palavrão porque o líder estava por perto.

- Qual a função exata deste computador, afinal? – perguntou ele, cada vez mais irritado.

- O computador 2 controla todas as nossas sondas de rastreamento e detecção de assinatura Maximal – explicou Optimus. – Sem ele, nós não podemos localizar qualquer um de nós ou qualquer objeto que tenha a mesma origem que a nossa.

- E isso inclui todas as câmaras de inércia que abandonamos no espaço – concluiu Rhinox.- Isso significa que, se alguma delas cair aqui na Terra, como a câmara de inércia de Tigertron, não seremos capazes de localizá-la, a menos que tenhamos a sorte de avistá-la ainda caindo.

- Isso... é ruim! – exclamou Cheetor. – Se uma dessas câmaras caísse aqui e não soubéssemos a localização dela, os Predacons poderiam encontrá-la e tomá-la facilmente! O que poderia acontecer se eles conseguissem converter a protoforma Maximal dentro da câmara em um Predacon?!

- Seria um soldado a mais no exército de Megatron – disse Optimus, aborrecido.- Temos que evitar isso a todo custo, e é por isso que precisamos consertar este computador o mais rápido possível!

- E nada disso teria acontecido se esse gato fedorento e desastrado não tivesse arruinado ainda mais o aparelho! – gritou Dinobot, que entrava na sala de controle naquele exato instante.

- Ei, por que estão todos me criticando?! – Cheetor protestou. – Quem quebrou o computador foi Rattrap, e não eu!

- Nenhum mal maior teria acontecido se você não tivesse colocado os seus dedos escorregadios na máquina, bichano! – exclamou Rattrap. – Foi um simples curto-circuito, uma troca de fios e o computador ficaria novinho em folha!

- Já chega! – agora era Optimus quem começava a ficar irritado. – Parem com essas discussões e façam alguma coisa útil! Cheetor, é melhor você sair e patrulhar nosso território para ver se alguma de nossas câmaras de inércia cai por aqui. Dinobot, você também vai. Mexam-se!

Cheetor e Dinobot imediatamente assumiram suas formas animais e se preparavam para sair da nave, quando de repente o comunicador central da base emitiu um sinal e a voz de Tigertron surgiu em tom de urgência:

“Tigertron para base Maximal! Tigertron para base Maximal! Estão me ouvindo?!”

- Ih, era só o que nos faltava! – exclamou Rattrap, apertando um botão sobre o comunicador e respondendo: - Aqui é Rattrap, espião, infiltrador e escravo nas horas vagas... O que houve, tigrão?

“O que vocês estão fazendo?! Uma câmara de inércia Maximal está caindo nesse exato instante na Terra! Onde estão os reforços? Os Predacons deverão chegar a qualquer minuto!”

- Tigertron! – exclamou Optimus, alertado. – Nossas sondas de rastreamento não estão funcionando, então não podemos localizar qualquer uma de nossas câmaras de inércia! Você tem certeza do que viu?

“Absoluta! É igual à câmara pela qual eu cheguei a esse planeta.”

- E para onde ela está se dirigindo?

“Não tenho certeza, mas parece que ela vai cair em algum ponto do setor Gama.”

- Setor Gama... Dirija-se para lá imediatamente, Tigertron! Estaremos aí o mais rápido possível! Proteja a câmara! Não deixe os Predacons se apossarem dela!

“Farei isso... Mas venham logo! Tigertron desligando.”

Assim que o comunicador foi desligado, Optimus virou-se para a sua equipe e disse:

-Vocês ouviram?! Não podemos perder tempo... Vamos todos para o setor Gama, imediatamente! Cheetor, Rattrap, vocês são mais rápidos, vão na frente!

- Bichano, você realmente tem um faro para problemas... – queixou-se Rattrap, assumindo a sua forma animal e indo em direção ao elevador.

- Hoje definitivamente não é o meu dia... – Cheetor suspirou e desceu de elevador junto com Rattrap.

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A manhã estava bastante quente. Em um enorme campo cheio de flores, borboletas voavam alegremente e era possível se ouvir o canto de dezenas de pássaros. Em algumas partes, as flores se ajuntavam em uma quantidade tão grande que chegavam a formar verdadeiras camas coloridas, que os animais menores usavam para se esconder de eventuais predadores.

Não muito longe de uma dessas camas, uma família de coelhos albinos se alimentava despreocupadamente, usando seus fortes dentes para cortar as pétalas de algumas flores e devorando-as em seguida. Os que não comiam simplesmente se deitavam na grama verde e cheirosa e permaneciam ali por alguns minutos, de olhos fechados, apenas aproveitando os últimos raios de sol da manhã.

O sossego dos pequenos animais foi logo interrompido pelo ronco súbito de alguma coisa que caía do céu. Um longo raio vermelho e flamejante cortava o azul celestial e algo rodeado por um círculo extremamente brilhante caía rapidamente na direção do campo de flores. O barulho era assustador, e todos os animais trataram de fugir dali o mais rápido possível.

Os pássaros rapidamente voaram, as borboletas dispersaram-se numa confusão de asas e pétalas de flores ao vento, e a família de coelhos brancos, em pânico, saiu correndo dali, empurrando os filhotes na frente e disparando na maior velocidade que as suas patas podiam alcançar.

A pressa em sair do local era tanta, que nenhum coelho percebeu que faltava um de seus membros – o mais curioso havia ficado, oculto no meio de uma densa cama de flores, dividido entre a curiosidade e o medo.

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Dentro da base Predacon, Terrorsauro estava em frente ao computador, fazendo uma checagem de rotina pelo território ao redor da nave, quando Tarântulus surgiu.

- Saia já daí, Terrorsauro! – ordenou ele, arrogantemente. – Preciso verificar a eficiência da minha mais nova descoberta!

- E que descoberta seria essa, cientista louco? Seja lá o que for, terá que esperar. Megatron me mandou vigiar os arredores, e a menos que você queira que ele arranque a minha cabeça e a sua, é melhor nem tentar tocar neste computador agora!

- Não teremos que aturar Megatron por muito mais tempo, se o que eu descobri for realmente uma boa jogada... – Tarântulus pareceu sorrir maliciosamente, pois sabia que havia atingido Terrorsauro em cheio no seu ponto fraco: sua ganância.

- “Uma boa jogada”, você diz...? – Terrorsauro pareceu levemente mais interessado, mas ainda estava desconfiado. – E o que seria?

- Tire já o seu traseiro daí e eu lhe mostrarei... Será algo que poderá beneficiar a nós dois... Você quer, não quer?

O pterodáctilo vacilou por um momento, mas estava disposto a fazer qualquer coisa para assumir a liderança dos Predacons. Ele quase havia conseguido uma vez... Se Tarântulus estava falando a verdade e aquela sua nova “descoberta” pudesse realmente derrubar Megatron de seu posto, então a desobediência valeria a pena...

-Bem, então está bem, sua aranha nojenta. Mas é bom que valha realmente a pena!

-He, he, he, he, he... Não se preocupe, meu caro Terrorsauro… Vai valer mais a pena do que você imagina... – e dizendo isso, Tarântulus sentou-se no lugar de Terrorsauro e instalou algo semelhante a um chip no computador.

Terrorsauro não sabia do que se tratava o tal chip, mas havia visto de relance algo impossível de não reconhecer... Uma insígnia gravada no chip. A conhecidíssima insígnia...

- ... dos Maximals??!! – a boca de Terrorsauro estava aberta.

- Sim, é isso mesmo. – respondeu Tarântulus. – Este chip que instalei no computador é de origem Maximal!

- Mas... onde você o conseguiu?!

- Na câmara de inércia do tigre branco. Eles possuem um chip de detecção em todas as câmaras de inércia deles, assim eles conseguem detectar todas as protoformas Maximal que caem neste planeta. Mas, se as minhas suspeitas estiverem certas, eles também devem ter um chip igual no computador que controla as sondas de rastreamento deles. É um chip de dupla função: é capaz tanto de detectar quanto de ser detectado.

- Isso quer dizer que... se instalarmos esse chip no nosso computador, então seremos capazes de localizar as câmaras de inércia dos Maximals??

- Isso é o que nós veremos agora... – Tarântulus operava o computador enquanto aguardava a detecção e aceitação do chip. A voz do computador central dos Predacons confirmou a suspeita da aranha:

“Chip de detecção de assinatura Maximal preparado.”

-Deu certo! – Tarântulus gargalhava com gosto. – Agora podemos localizar todas as câmaras de inércia que caírem aqui! Se alguma delas cair e nós chegarmos primeiro que os Maximals, poderemos reprogramar a protoforma dentro dela e transformá-la em um Predacon!

-Sim... é isso mesmo! – exclamou Terrorsauro, compreendendo o plano afinal. – Poderíamos montar um exército nosso... E liderá-lo contra Megatron!!

- Agora sim você está jogando o meu jogo...! – Tarântulus parecia extremamente satisfeito, e decidiu iniciar o rastreamento naquele exato instante: - Computador, inicie o rastreamento de assinatura Maximal no raio de distância máximo!

“Rastreando...”

Nem bem haviam se passado dois segundos, quando o computador forneceu a seguinte informação:

“Assinatura Maximal detectada”.

- O quê?? – exclamou Terrorsauro, espantadíssimo. – Tão depressa assim???

- Ora, não deve ser uma câmara de inércia... – respondeu Tarântulus. – Deve ser um dos Maximals tentando penetrar em nossa base...

“Negativo”, respondeu o computador. “A assinatura Maximal detectada tem origem em uma câmara de inércia prestes a aterrissar”.

-Mas... isso está saindo melhor do que eu esperava! – agora era Tarântulus quem estava espantado. Espantado e feliz. – Qual a localização?

“Impossível localizar com precisão. Provável ponto de aterrissagem: setor Gama”.

- Setor Gama... é o território dos Maximals... – Tarântulus ficou pensativo, o que irritou profundamente Terrorsauro.

- O que estamos esperando??? Vamos logo atrás dessa protoforma, Tarântulus!!!

- Sim, vamos... Antes que Megatron descubra! Tarântulus, aterrorizar!!

- Terrorsauro, aterrorizar!! – assumindo suas formas animais, ambos saíram correndo da base Predacon, rumo ao setor Gama.


(continua)
[ capítulo 2 ]