ATB - Aliança Transformers Brasil

A Expansão de Aurora

Autor: VICTOR OLIVEIRA DE FARIA


Arquivo "A" - Parte 1

A paisagem chamava a atenção. Árvores centenárias estavam dispostas lado a lado, no que parecia ser um vale. Haviam grandes montanhas ao fundo e um belo descampado à frente. Do lado norte, um pequeno riacho banhava a parte rasa da grama.

Seria uma paisagem normal, se não fosse por um detalhe: robôs viviam ali. Era um idéia estranha robôs e natureza conviverem juntos, mas era o que estava ocorrendo.

Como isso foi acontecer? Aonde estavam os humanos? Quais eram seus objetivos?

Perguntas e indagações que percorriam as conexões neurais de um robô especial. Mesmo sem humanos por perto, eles haviam aprendido à dividir-se em clãs. Seus formatos, apesar de desajeitados, lembravam a vestimenta dos samurais. Em cima de suas cabeças havia uma espécie de “V”. Possuíam ombreiras largas em cima da armadura e uma grande proteção em seus troncos. Além disso, também possuíam uma espada, que se desencaixava diretamente do braço direito. A habilidade mais estranha, é que podiam transformar-se em armas de guerra. O motivo disso; ninguém sabia.

Esse robô especial, Arch Beta, fazia parte do clã dos Transmurais. Suas indagações sobre o objetivo da vida, e de existirem, incomodava à todos...


Anacreon - Lado Sul

- Ei, Iron Fang. Você já sentiu algo diferente ao olhar para o pôr-do-sol?

- Só você faz isso, Arch Beta. Não me atrapalhe.

- É como se eu realmente pudesse apreciá-lo. Sinto uma energia estranha percorrendo meu corpo. Algo quente. Por que será que tenho essa habilidade? Aliás, afinal, quem nos criou?

- Arch, você vai acabar sendo levado para o Exílio, como os outros.

- Houve outros como eu, então?

- Se eu te contar a lenda do criador, você me deixará trabalhar em paz?

- Por enquanto...

- Ninguém acredita, mas houve um tempo em que uma história era passada dos robôs antepassados até os dos nossos dias. Se me lembro bem, falavam a respeito de um gigantesco computador, chamado "Endmion", que para auxiliar os humanos, teria nos criado. Ainda dizem que, segundo a lenda, todos nós temos partes desse "super-cérebro", como resultado de uma criação apressada, por um motivo que até hoje não sabemos.

- E o que houve com os humanos? O que aconteceu de tão grave para nos criarem e depois nos deixar "abandonados"?

- Isso ninguém sabe. Mas sabemos que essa divisão de clãs inerente ao nosso sistema, foi implantada por eles.

Isso era tudo o que Arch Beta queria ouvir. Agora ele sabia por onde começar. Em sua própria terra natal, encontraria as respostas de um passado esquecido. Não havia um motivo aparente para esse robô querer encontrar seus criadores, mas ele o fazia por uma vontade programada, mesmo sem ser compreendida.

À noite havia um estrela que brilhava mais que todas no céu. Era a que mais chamava a atenção de Arch Beta. No dia seguinte, saberia para onde partir. Para o Exílio, onde encontraria os supostos robôs defeituosos.

Na manhã seguinte, direcionando-se para onde fazia seu trabalho matinal (cuidar da terra, algo que ele sempre se questionava por que fazia isso), notou que o ambiente estava mais quieto e calmo que o normal. Algo estava fora da programação. Seus companheiros... haviam sumido...


Mais adiante, notou ao chão pedaços de metal espalhados. Eram sinais de que alguma luta havia ocorrido na noite passada. Mas não sabia como isso era possível, pois viviam em paz há muitos anos, mesmo porque, os clãs nunca se encontravam. Haviam uma linha imaginária entre eles que nunca era ultrapassada. Somente alguém que desconhecesse as regras ou fosse de fora, o que era impossível, pois não havia "fora" em Aurora, provocaria um estrago desses.

Chegando mais perto, Arch Beta notou um dos trabalhadores robôs no chão, intacto, mas com uma marca profunda de garras em sua armadura frontal. Sua centelha já havia desaparecido há um bom tempo. Ao abaixar-se para ver como estava o companheiro, notou uma sombra se aproximando. Imediatamente desencaixou a Katana de seu braço direito e com um movimento rápido, virou-se e enconstou a lâmina no pescoço de outro robô que se aproximava.

- Quem é você e o que faz aqui? - Arch Beta.

- Meu nome é Bludgeon. Sou um andarilho em busca de respostas, assim como você. E se você fizer a gentileza de recolher sua espada, meu pescoço agradeceria e eu poderia lhe dar uma luz sobre o que está havendo aqui. - Bludgeon.

- Desculpe. Você faz idéia do que ocorreu aqui? - Arch Beta.

- Ela ataca quase sempre.

- Ela quem?

- Nunca ouviu falar na "Fera de Aurora"?

- Não.

- Aonde esteve todos estes anos? Ninguém sabe o que é, mas ela sempre ataca à noite. E ela muda seu curso a cada ano. Estou perseguindo ela há muito tempo, mas ainda não obtive sucesso. Achei que vindo à fonte, seu clã, encontraria respostas.

- Fera de Aurora... Isso é novidade para mim.

- Prepare-se para muitas descobertas, se você me ajudar.

- Estou numa busca por respostas também. Aceitarei sua proposta.

Arch Beta e Bludgeon, após se cumprimentarem, partiram em direção ao desconhecido...


Será mesmo que os humanos haviam desaparecido? O que os levaria a abandonar tão rapidamente suas criações? Ainda haviam vestígios deles, mas ninguém sabiam onde se encontravam... E agora havia esssa Fera de Aurora, que ninguém sabia o que era, mas estava sendo caçada. Ou seria ao contrário?

Já era tarde, quando Arch Beta e Bludgeon pararam para descansar. Somente neste momento de descanso, o lado de curiosidade de Arch havia despertado para o símbolo estranho no peito do novo companheiro. Era uma espécie de escorpião, com quatro garras nas patas da frente.

- Ei Bludgeon, me permite fazer uma pergunta?

- Não.

- Ok. Então lá vai: Eu nunca estive fora de Anacreon. Existem outros clãs mesmo, como dizem? Como é lá fora?

- Eu sou do clã dos Scorpticons e se você realmente conhecesse lá fora, não iria querer se juntar à mim. Eu apenas estou procurando poder bélico para me ajudar a derrotar a Fera de Aurora, e você parece ter uma boa espada aí.

- Você é fissurado nessa Fera, não é?

- Sinto que é minha missão destruí-la. Não sei o motivo, mas sigo meus instintos.

- Eu também tenho esses sentimentos estranhos. Tenho vontade de encontrar o criador. Vivo desconfiado de que essa paz é falsa e que os humanos estão em algum lugar nos observando de longe.

- Hum. Teoria interessante.

Nesse instante, como vindo do nada, os dois houvem um barulho suspeito e das imensas copas das árvores, surge uma cabeça enorme no formato de uma naja. Seu tamanho era extraordinariamente grande. Ocupava toda a floresta onde se encontravam. Um rugido estremeceu a localidade...

- A Fera!!! - Bludgeon.


Aquele não era mesmo um dia normal. Pra quem nunca havia saído de sua região, Arch Beta estava assimilando novas informações à uma velocidade monstruosa.

Pela primeira vez sentia medo. Não sabia do que se tratava, afinal, robôs não tinham sentimentos... mas quem confirmou isso? Ele sabia que quando quase entrasse em curto-circuito, seus fluídos acelerassem e sua centelha desequilibrasse, não era algo normal. Era uma espécie de medo.

No momento seguinte ao instante inicial, apenas sobrou tempo para cada um pular para seu lado, através de seus reflexos rápidos. A gigantesca naja enterrou sua cabeça no pequeno acampamento que eles tinham montado. Imediatamente (e inconscientemente), Arch Beta desencaixou sua espada e pulou em direção aos olhos da Fera. Mas ela notou a aproximação e fez um rápido movimento novamente, quando, então; aconteceu...


A armadura de Arch Beta despedaçou-se... Os circuitos internos ficaram espostos...

E então, o inpensável aconteceu. Os circuitos se uniram num emanharado de fios, e uma forma peculiar formou-se... uma asa metálica.

Arch puxou a espada do chão, e num lance, cortou o ar diagonalmente em direção aos céus...

Um clarão surgiu em todo o campo, e pouco tempo depois, ouviu-se um estrondo, seguido de um terremoto. A cabeça da naja jazia no chão, enterrada e completamente partida ao meio...

Arch olhou para seu corpo e notou que todo seu lado direito havia trocado de cor. Estava todo monocromático, contrastando com seu lado esquerdo, totalmente vermelho devido à armadura.

Bludgeon olhou espantando para a nova forma de seu companheiro. Um lado com a armadura vermelha e o outro; preto... com uma asa metálica feita de fios.


(continua)
[ capítulo 2 ]